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quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Pois, já sabíamos que ele é mesmo mentiroso...


Ao contrário do que disse em 2015, Marcelo Rebelo de Sousa fez mesmo um parecer para Ricardo Salgado: "Acabei por não apresentar conta nem ser pago", disse o Presidente. De acordo com documentos encontrados numa busca realizada durante a investigação do Ministério Público ao colapso do império financeiro liderado por Salgado, o parecer foi sugerido pelo próprio banqueiro e intermediado pela namorada do presidente, Rita Amaral Cabral, então administradora não executiva do BESA.

(Fonte da notícia: jornal "Expresso" 15 de Novembro de 2023)

sexta-feira, 12 de agosto de 2022

Mais uma, para a colecção do Senhor Presidente da República...








«Em declarações à imprensa, o Senhor Presidente da República sugeriu, que, em regra, a lei não permite o uso de escusas de responsabilidade, o que mereceu uma resposta da Ordem dos Médicos e do seu bastonário tendo em vista a clarificação da matéria em causa.

“Respeitamos o Senhor Presidente da República e a sua atuação, mas não podemos deixar de estranhar que faça declarações menos claras sobre matérias que estão protegidas pela lei e pelo artigo 271.º da Constituição, provocando um evitável alarme junto dos médicos e confundindo a população portuguesa pela suposta ausência de suporte jurídico do que é, e do que implica, uma escusa de responsabilidade de um médico”, considerou o bastonário em comunicado oficial que foi hoje enviado às redações.

As declarações do Senhor Presidente da República, ao negarem a utilização de um mecanismo jurídico previsto no próprio texto da Constituição da República Portuguesa, não contribuem para a defesa do SNS, nem defendem os doentes. “Na verdade, estas afirmações, que lamentamos, podem contribuir para agravar a atual crise que se vive na saúde, levando os médicos a abandonar o SNS como única forma de se salvaguardarem das condições de exercício da sua atividade”.

Com os melhores cumprimentos,
O Gabinete de Comunicação da Ordem dos Médicos»

Ver o comunicado aqui.

quinta-feira, 7 de julho de 2022

Para Marcelo, a popularidade comanda a acção política

Com a devida vénia, eis um excerto do artigo de opinião de Alexandre Homem Cristo publicado hoje no jornal online "Observador", intitulado "O marcelfie-tómetro",

«Para Marcelo, a popularidade comanda a acção política. Ora, Portugal merecia que o seu Presidente da República tivesse um padrão de sucesso mais exigente do que o número de selfies que tira nas ruas»..../...

.../...«Estas tomadas de posição têm obviamente duas leituras inquietantes sobre a actuação do Presidente da República. A primeira é que, em vez de adoptar uma postura institucional e sóbria, tudo o que Marcelo fez estes dias no Brasil legitimam interpretações políticas de preferência por Lula da Silva nas eleições presidenciais brasileiras de Outubro de 2022. A segunda é que Marcelo Rebelo de Sousa é viciado em índices de aceitação popular, avaliando as suas decisões políticas através de um marcelfie-tómetro — quantos mais cumprimentos e pedidos de selfies receber dos transeuntes, mais Marcelo se convence que decidiu bem. Ou seja, para Marcelo, a popularidade comanda a acção política (e basta lembrar como justificou ao Expresso recentemente o seu apoio ao governo de António Costa). Se quiséssemos ser severos, diríamos que Marcelo é o maior populista da política portuguesa. Se optarmos pela benevolência, temos no mínimo de reconhecer isto: Portugal merecia que o seu Presidente da República tivesse um padrão de sucesso mais exigente do que o número de selfies que tira nas ruas.»

sexta-feira, 6 de agosto de 2021

Marcelo Médico Epidemiologista Rebelo de Sousa

Com a habitual e merecida vénia, eis a crónica de opinião de Vítor Rainho publicada hoje no "JonalI",

«Marcelo Rebelo de Sousa tem um gosto infindável pela polémica e quando ela não existe é capaz de perder algum tempo para criar uma. Sempre fui um fã do género, pois adoro ‘sacanagem’, embora o cargo de Presidente da República não jogue muito bem com essa estratégia.

Vem esta conversa a propósito de Marcelo ter vindo, mais uma vez, lançar achas para a fogueira no que diz respeito à vacinação dos jovens entre os 12 e os 15 anos. O Presidente da República se fosse coerente com o que diz teria de ter chamado a ministra da Saúde e comunicando-lhe que o país não pode continuar a ter Graça Freitas à frente da Direção-Geral de Saúde, algo que considero de uma grande injustiça.

Não me parece que fique bem a um Presidente estar constantemente a desmentir ou corrigir o que uma Direção Geral determina. Ou será que Marcelo é pediatra, epidemiologista, virologista ou matemático para decidir o que é melhor para as crianças? E essa de mandar seguir o exemplo da Madeira não deixa de ser insólito, até por dar a ideia de que não é representante máximo de todo o país, mas o Presidente é uma espécie de sempre em movimento que não consegue estar calado ou quieto mais do que as célebres três horas que dorme.

Recorde-se que a vacinação dos jovens divide até a classe médica, pois há quem a defenda e quem seja contra. Também há os que acreditam que os jovens nessa faixa etária só não são vacinados porque não existem vacinas disponíveis – há mesmo países que já estão a inocular crianças com três anos. Não faço ideia se é o melhor para as crianças, mas não acho que o Presidente da República deva discutir estes assuntos na praça pública.»

segunda-feira, 14 de junho de 2021

A Covid acabou por decreto presidencial (?)

Com a devida vénia, eis a crónica de opinião de Pedro Sousa Carvalho, publicada hoje no jornal online "Eco",

«Marcelo Rebelo de Sousa declarou, este domingo, que, no que depender dele, não haverá “volta atrás” no processo de desconfinamento. Na Feira da Agricultura de Santarém, o Presidente da República disse o seguinte: “Já não voltamos para trás. Não é o problema de saber se pode ser, deve ser, ou não. Não vai haver. Comigo não vai haver. Naquilo que depender do Presidente da República não se volta atrás”.

Será que o Presidente da República sabe que o país tem regras e uma matriz de desconfinamento que implica “voltar para trás” quando os casos aumentam como estão a aumentar em vários concelhos?

O mais grave é que, quando confrontado com as reticências de alguns especialistas em saúde pública sobre a velocidade do desconfinamento, Marcelo deu esta resposta completamente a despropósito: “é bom que os especialistas digam o que têm a dizer, mas o país não é governado por especialistas. O país é governado por quem foi eleito para governar”.

Esperávamos ouvir esta resposta de presidentes populistas e negacionistas como Trump ou Bolsonaro; não do nosso Presidente da República que tem sido sensato a pedir um equilíbrio entre “os fundamentalistas sanitaristas e os fundamentalistas da abertura mais radical e mais intensa”.

Em Portugal, temos tido alguma dificuldade em encontrar esse equilíbrio, ou é 8 ou é 80. Quando os contágios sobem, fecha-se tudo. Quando os casos descem, abre-se tudo, faz-se feiras e arraiais e decreta-se o fim do desconfinamento por decreto presidencial.

Foi assim nas vésperas do Natal quando, animados por um alívio momentâneo de casos, resolvemos facilitar. Houve quem na altura, como o próprio Presidente da República, fosse alvo de muitas críticas por ter planeado estar com um total de 18 pessoas a celebrar o Natal. É caso para dizer, nem 8, nem 18.

Já fomos os piores do mundo, e já fomos os melhores do mundo. Temos tido dificuldade em permanecer numa linha intermédia sensata que não mate a economia, nem faça disparar os contágios. É caso para dizer, nem 8, nem 80. Basta olhar para o boletim diário da DGS para verificar que já tivemos mais de 800 mil casos de Covid-19 em Portugal, quase 8 mil mulheres morreram, mais de 8 mil homens perderam a vida e, ainda ontem, tínhamos mais de 80 internamentos graves nas unidades de cuidado intensivos.

São estes oitos que têm feito a nossa vida num oito e que deveriam obrigar os políticos a parar para pensar, pelo menos durante oito segundos, antes de transmitirem mensagens que vão ser interpretadas pela população como mensagens de facilitismo, numa altura em que os casos de Covid-19 estão novamente a aumentar.

Dir-me-ão, e com alguma razão, que já não há tantos mortos e que os hospitais já não estão a abarrotar como antes do início da vacinação. Sendo isto verdade, também é verdade que a Covid-19 continua a ser uma pandemia e pode deixar sequelas extremamente graves, mesmo nos mais jovens. Já tivemos casos como o das Seychelles em que mesmo com 70% da população vacinada, e com a tão almejada imunidade de grupo, a situação acabou por ficar descontrolada por causa das novas variantes. E o arquipélago teve de “voltar atrás no desconfinamento”, senhor Presidente da República.

Como se não bastasse esta mensagem vinda de Belém, este fim de semana o Iniciativa Liberal resolveu, à revelia da recomendação da DGS, fazer um arraial em Santos disfarçado de comício político, com música, djs e barraquinhas de comida e bebida. Uma festa para comemorar a decadência de um partido que, depois de se aliar aos racistas e xenófobos do Chega nos Açores, resolve agora dar um exemplo de populismo e de irresponsabilidade.

O mesmo partido que, aquando da Festa do Avante, criticou os comunistas por realizarem um evento que, sendo criticável, teve o aval da DGS porque cumpria as normas de segurança e de saúde pública. O Iniciativa Liberal, pouco a pouco, está a revelar-se um partido libertário, na pior aceção da palavra.»

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

"Ir a correr, no primeiro dia, fazer a vacina é tudo aquilo que não se deve fazer"

"Ir a correr, no primeiro dia, fazer a vacina é tudo aquilo que não se deve fazer", sublinha o presidente da Associação de Medicina Geral e Familiar.


«Com receio de que o stock de vacinas para a gripe se esgote e com a pandemia de Covid-19 a ganhar força, milhares de idosos têm feito, nos últimos dias, fila à porta das farmácias para garantir que lhes é administrada a vacina

A segunda fase de vacinação iniciou-se na passada segunda-feira, abrangendo pessoas com mais de 65 anos e doentes crónicos. Um pouco por todo o país, mas sobretudo na região da Grande Lisboa e do Grande Porto, muitos idosos têm esperado à chuva para serem imunizados contra o vírus influenza. 

Para o Presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), a corrida às farmácias não faz sentido, uma vez que há suficientes doses de vacinas para todos. “Todos os anos sobram vacinas“, diz Rui Nogueira, em declarações ao jornal i. 

O presidente da APMGF critica a iniciativa de Marcelo Rebelo de Sousa, que se tomou a vacina logo no primeiro dia. “Ir a correr, no primeiro dia, fazer a vacina é tudo aquilo que não se deve fazer. É uma mensagem desadequada, [porque] pode ser interpretado como algo que tem de ser feito imediatamente”, sublinha, acrescentando que teria sido útil se o Presidente da República o fizesse “em meados de Novembro “para lembrar aqueles que estivessem esquecidos”. 

Rui Nogueira diz que não é possível vacinar dois milhões de pessoas em apenas duas semanas e lembra que, nos centros de saúde, a vacina é administrada gratuitamente aos grupos de risco.» 

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Marcelo cúmplice de uma trapalhada

O artigo de opinião da jornalista Graça Franco é extenso. Fica aqui um pequeno excerto que ilustra bem o assunto. Vale a pena ler tudo.


.../...«Ponderou Marcelo o significado exato do envolvimento, mais uma vez por inerência, no Conselho de Prevenção da Corrupção, em boa hora criado junto do Tribunal de Contas como entidade independente de carácter essencialmente pedagógico, de ajuda e dinamização de planos anticorrupção nos organismos de administração pública, mas sem nenhuma competência de “investigação criminal”? Ou seja, uma entidade bem longe de atribuir por si só uma espécie de certificado de vida “dedicada” ao combate à corrupção que uma leitura apressada do currículo poderia legitimar? 

Talvez o Presidente retire, como lição útil, que há dias em que não se deve trabalhar até tão tarde e que às 22h já não é hora de despacho. 

Toda esta triagem fina do currículo do nomeado talvez justificasse mesmo uma audição parlamentar a confirmar o perfil e a sua adequação à função, não devendo ser reduzidas a meia dúzia de horas pelo Presidente da República, pronto para retirar as pedras do caminho de Costa, ainda que isso lhe possa causar um tropeção. Há cooperações estratégicas que ameaçam confundir-se com estratégias de cooperação. Ora, uma e outra não significam exatamente a mesma coisa.».../...

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Marcelo Rebelo de Sousa, o nadador salvador

O artigo de opinião, publicado ontem, é da autoria do humorista Diogo Faro. Para além do humor e da oportunidade, deve fazer-nos pensar e ter cuidado com a interpretação dos "fenómenos" que vão sendo exibidos diariamente nos "média" e nas redes  sociais...
  
«Calor de Agosto na praia de Alvor. Duas jovens portuguesas cansam-se de fazer stories para o Instagram, afinal já estavam naquilo há hora e meia, e decidem ir andar de canoa. Vão destemidas, mas inexperientes. Divertidas, mas desalvoradas. Nisto, entre remadas e conversas sobre a interseccionalidade entre classe, género e raça, como boas millenials que são, vem uma onda mais forte e vira-lhes a canoa. É aqui que entra em cena o nosso  herói.

Plano em câmara lenta. Tio Marcelo, que também é professor, presidente da república, beijoqueiro e nadador-salvador, levanta-se da toalha (daquelas que são um paninho feito à mão pela amiga Carlota que há dois anos que começou este seu negócio de toalhas e almofadas de praia, tudo naqueles tons de classe alta) e corre em direcção à água. Peitos a balouçar, pernas ritmadas e determinadas, semblante de quem nem das ondas gigantes da Nazaré tem medo. Marcelo Rebelo de Buchannon, ou Mitch Rebelo de Sousa, como preferirem, lança-se ao mar para salvar as jovens. Por acaso, quando chegou junto delas, já estavam em segurança agarradas à prancha de um outro nadador-salvador. Não obstante, não fosse a sua presença e elas podiam ter-se largado e acabado por se afogar. Portanto, não há dúvidas da importância da sua intervenção para o final feliz desta história. 

Marcelo salva duas jovens em perigo no mar em Alvor - a Ferver - Vidas

E por falar em felicidade, sorte a nossa que pudemos ver imagens de tudo isto. Por coincidência, estava exactamente na mesma praia, e à mesma hora, uma equipa de reportagem da SIC. Olhem bem a nossa sorte! Conseguimos ver o nosso Presidente da República num acto heróico absolutamente espontâneo. Dizem as más línguas que as jovens eram actrizes, que foram pagas em drinks pela actuação (uma ideia que a produção deste evento teve com inspiração na Ministra da Cultura) e que foi só mais um golpe de populismo do tio. Não posso acreditar nisso. Os repórteres não podem ir à praia, e por acaso levar todo o material de trabalho? Além de que não há assim tantas praias em Portugal, por isso é perfeitamente plausível que estivessem ali. 

As presidenciais estão aí e é deste presidente que precisamos. De um presidente que beija, que salva jovens no mar, que pede moderação no debate. Não precisamos de um presidente que tome uma postura firme, perentória e resoluta contra o fascismo e o racismo, que isso divide o eleitorado e deixa muita gente desconfortável. O que precisamos é de afectos. Principalmente para os brancos, depois logo se vê sobram alguns para os outros.»

domingo, 9 de agosto de 2020

Uma perspectiva sobre o nosso Presidente da República

Com a devida vénia, um excerto do post da autoria de jpt publicado hoje no blogue "Delito de Opinião":

«Cada um terá a sua perspectiva sobre a política portuguesa e sobre o actual PR. A este nunca apreciei, e entendo o seu projecto como o da despolitização da sociedade. Assente num frenético exercício de relações públicas mimoso, centrado na sua "imagem". Trata-se de uma mimetização daquilo que seu pai fez, com garbo e dignidade mas num outro cenário e, portanto, com outra fundamentação política, quando foi governador-geral de Moçambique. Procura uma despolitização que é também uma "despartidarização", no reforço do esvaziar do conteúdo dos partidos. Estes estão em modo autofágico mas a pessoalização presidencial impulsiona essa decadência. Sousa pode aparecer sorridente - quem o conhece sabe que é um maledicente compulsivo, pouco fiável e assim o inverso desta simpática "personalidade" pública - mas é, de facto, apenas um populista antidemocrático. 

.../... A degenerescência do exercício presidencial, a sua abstenção substantiva, é notória. E a médio prazo também é letal a imagem do que é a política, desprovida de qualquer densidade (gravitas), a qual não obriga a uma postura hierática mas não se compadece com este abandalhamento. Muito deste disparatado percurso advirá de questões psicológicas, não pode haver só outras explicações. E muito também de um autocentramento, avesso a quaisquer assessorias críticas. 

Mas este rumo proto-demencial, e tão prejudicial ao país, é potenciado pela abstenção crítica. Um dia, há 25 anos, Cavaco Silva afrontou a imprensa comendo bolo-rei. Foi zurzido e a imagem persegue-o até hoje. Este Sousa faz um show-off patético, constante. Muda de calções em público, passeia-se nas praias, [.../...] Ninguém, à esquerda ou à direita, o abocanha neste desvario. Principalmente à esquerda, pois bem sabem qual a agenda prioritária de Sousa. 


E agora, no reality show em que transformou as suas férias, trinca um bolo e depois reparte-o, manualmente, pelos petizes circundantes, e isto em plena era de cuidados sanitários. Tudo ao invés do que as instituições de saúde nos dizem. Nem pensa!, o homem já nem pensa, encerrado no seu papel, o qual julga ser um monólogo. Esta "bola de Berlim de Sousa" será brandida e celebrizada como o foi o "bolo-rei de Cavaco"? Não. Não porque Sousa seja simpático. Mas porque a amálgama Salgado, Sócrates e magma circundante tem que ser preservada. Porque e plurisbus unum ...»

segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Como pensa Marcelo Rebelo de Sousa?

Com a devida vénia, de um artigo de João Pedro George, escritor e sociólogo, publicado na revista "Sábado" de 11 de Julho passado, sob o título "Subídios para o pensamento de Marcelo: Parte II", um pequeno excerto,

.../...«Aquilo que nos dá a chave e a decifração de Marcelo é a arte de cultivar a própria imagem e de a ostentar nos meios de comunicação social, há mais de 45 anos, com excelentes resultados. É a capacidade de manter a face, apesar de todas as contradições e incongruências, sem se tornar prisioneiro de si próprio e sem se deixar consumir pelo retrato que os outros fazem dele. É a habilidade de conseguir sobreviver, de forma darwiniana, no meio da sopa mediática dos contactos, dos telefonemas, dos apelos publicitários, da aluvião de jornalistas, das perguntas sobre os mais desvairados assuntos, dos estilos de vida dos ricos e dos famosos, da mania da notoriedade, da ambição desmedida de aparecer e ser visto, das férias na Quinta do Lago, das clientelas militantes, das jogadas de bastidores, dos arranjos na distribuição de cargos públicos, tantas vezes sacrificando o Estado e o dinheiro dos contribuintes, e por aí fora.


Como se justifica semelhante jeito para lidar com toda esta mexerufada? A resposta implica muito mais do que o notável poder de comunicação, o facto de andar em campanha eleitoral desde que se lembra de ter uso da razão ou o suposto contacto que mantém com o - como para aí se diz - "País real". Sobretudo, implica a persistência e a perseverança em falar das pessoas e das coisas dizendo sempre o que já se sabia e o que todos sabemos. Implica uma disposição mental para explicar tudo e nada, para insinuar tendências e o seu contrário, para fazer comentários que têm um sentido e o seu oposto, para resvalar na banalidade e na indeterminação, para verter frases vazias que nos descontextualizam e desarmam.».../... 

sexta-feira, 28 de junho de 2019

Corrupção: Epidemia... Cancro... Tabu... Ou uma forma alegre e aceite de estar na Vida...

Com a devida vénia, eis o post, com o mesmo título, da autoria de Robinson Kanes, publicado há dois dias,

Créditos: https://mobile.monitor.co.ug/Oped/cartoon/-the-era-of-corruption-in-all-government-departments-is-over/2471326-3262206-12cd5wuz/index.html

«Mais um daqueles temas que se fala pouco, espaços "blogueiros" incluídos... Também se fala em privado, mas se alguém abre a porta...

Portugal é o país que se vangloria de pedir a ocultação de dados em relatórios sobre a corrupção, a OCDE que o diga. No entanto, desta vez, o Conselho da Europa não foi brando e afirmou que Portugal é o país que menos implementou medidas anticorrupção, estabelecidadas de acordo com o Grupo de Estados Contra a Corrupção (GRECO). Portugal só é ultrapassado pela Turquia e fica à frente da Grécia e da Sérvia, um orgulho, portanto. Mais interessante ainda é o facto de que a comissão parlamentar (mais uma) da casa da Democracia não aplicar as medidas e pensar pouco no assunto - o povo também não quer saber, portanto, também não se pense muito sobre isso.

Marcelo Rebelo de Sousa até pode vir dizer que estão a ser dados passos e prometer soluções para Julho, como se no prazo de um mês um tema complexo como este ficasse resolvido - inexperiência social, criminal, legislativa e em gestão. Tipíco de quem se mexe em determinados mundos de forma muito fácil, demasiado fácil. Marcelo Rebelo de Sousa também não pode usar como desculpa o pacote legislativo sobre transparência e incompatibilidades dos deputados e a atividade de lóbi, até porque todos sabemos como é inútil. Marcelo também só não pode agitar a bandeira da corrupção quando somos envergonhados como país em relatórios do género! O habitual do "doa a quem doer" que vem desde Pedrogão, passou por Tancos e por tantos outros e ainda ninguém viu "pernas partidas".

A verdade é que se em Bruxelas ou Estrasburgo, Portugal treme quando o tema é corrupção, dentro de portas não parece muito preocupado com o assunto. Promove a corrupção, premeia quem é corrupto e permite que a grande maioria dos portugueses a pratique de uma forma ou de outra. Temo até que a regra 80/20 se aplique aqui!

Ninguém quer mudar as coisas se usufrui do status quo. Ninguém quer ver empresas a encerrar, institutos públicos a ficarem vazios, associações e fundações a encerrarem, clubes de futebol a fecharem, a maioria das associações solidárias a desaparecer e as autarquias a serem esvaziadas. Ninguém quer o efeito contágio nas práticas do dia-a-dia quando a cunha já não for a melhor escolha quando existe a promoção do mérito, ou quando muitas figuras que pululam de revista em revista profissional e congressos perceberem que são inúteis. Ninguém quer ficar sem o topo de gama na garagem e a hipoteca por pagar... Ninguém quer ficar sem aquele biscate que permite uma vida fácil e de luxo... Ninguém quer isso... Além disso, depois como é que escoam os bilhetes para a bola e os almocinhos? Como é que se tira partido dos Vistos Gold? Como é que o nosso produto/serviço/pessoa consegue ficar no mesmo patamar daqueles que nada valem mas têm mais projecção?

Entretanto, nos corredores da Polícia Judiciária e do Ministério Público, corre o habitual burburinho de que os meios não chegam e o apoio a muitas investigações também não porque... porque... Somos alegremente corruptos, gostamos disso e quem estiver mal que se mude, como alguns portugueses imbecis gostam de frisar quando se deparam com alguém inteligente... É por essas e por outras que Álvaro Santos Pereira teve de se mudar para a OCDE e tantos outros andam por esse mundo fora.»

sábado, 22 de junho de 2019

"La Casa de Papel", Bem-vinda, Lisboa! (na voz do "Professor Marcelo")


Com estreia marcada para 19 de Julho, a nova temporada da série "Casa de Papel", que passa no Netflix, lançou um vídeo de promoção que se está a tornar viral por terras portuguesas.

Raquel, a mulher polícia, que tanto tentou apanhar o grupo de assaltantes, mudou de lado e faz agora parte do bando.

E vai ter como nome de código: Lisboa.

Para anunciar esse pormenor, o Netflix fez um vídeo promocional em que simula a voz do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, numa chamada para a Raquel da série.

quarta-feira, 5 de junho de 2019

Os disparates de Marcelo

A opinião de Vítor Rainho publicada ontem no "Jornali", com o mesmo título. Com a devida vénia,

«O Presidente da República, por vezes, esquece-se do cargo que ocupa e tem uma tentação incorrigível de vestir a pele de comentador ou de criador de factos políticos, como tão bem iniciou a sua carreira jornalística, nos idos anos 70/80. A fama que ganhou com os comentários televisivos muito contribuiu para a sua eleição como Presidente da República, e Marcelo tem conseguido chatear tudo e todos, à vez, embora uns mais do que outros. Na maior parte das vezes, diga-se, agradou sempre ao Governo e chateou o seu partido, o PSD, mas, na última intervenção na Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), conseguiu o pleno: irritou a direita e a esquerda. Marcelo, que discursou em inglês, disse coisas extraordinárias como esta: “Eu diria que há uma forte possibilidade de haver uma crise na direita portuguesa nos próximos anos - isto, para ser muito realista. Isto explica porque é que o equilíbrio de forças está como está. E um bocadinho, também, porque é que o Presidente, pelo menos neste momento, é importante para equilibrar os poderes”. Fantástico! Agora, o Presidente preocupa-se que um partido, neste caso o PS, possa ter uma maioria absoluta? Mas isso faz algum sentido? Desde 1974, quantas maiorias absolutas já aconteceram? Cavaco Silva não teve duas? José Sócrates não deu a primeira ao PS? Nessa altura, o comentador Marcelo podia dizer e escrever o que lhe apetecesse, não agora que é o mais alto representante do Estado português.

Ou será que Marcelo está preocupado com a hipótese de não ter a maior votação de sempre numa reeleição? “Agora, só o resultado das legislativas é que permitirá dizer qual é o equilíbrio a que se chegará em outubro e, depois, qual é o papel que o Presidente terá até ao fim do mandato, e se isso influenciará ou não a decisão sobre a recandidatura”, acrescentou. O Presidente não sabe que não é bonito estar sempre a dizer que a sua recandidatura dependerá de como correrá a época dos fogos, do resultado das eleições, se o Papa vem ou não às Jornadas da Juventude, etc.? O Presidente não tem nada a ver com a decisão dos portugueses de votarem em quem muito bem entenderem. Esse é um problema de cada um. Se fica triste ou zangado, tem bom remédio. Não se recandidate e volte a disputar a liderança do PSD, para o tornar forte, equilibrando então as contas.»

terça-feira, 10 de julho de 2018

Temos um vampiro em Belém?

O artigo de opinião da autoria do politólogo Bruno Alves, publicado hoje no "Jornal Económico", com o título "O vampiro de Belém". Com a devida vénia,

«O Presidente da República foi a Washington visitar Donald Trump e, a crer nas palavras que proferiu, o objectivo da visita era convencer o seu anfitrião de que Cristiano Ronaldo é o melhor jogador de futebol do mundo.

Sem saber muito bem o que dizer, quer pelas dificuldades cognitivas que lhe são reconhecidas, quer pela falta de oportunidade das palavras de Marcelo, Trump disse-lhe que, se Ronaldo se candidatasse ao seu cargo, Marcelo não seria reeleito. Cheio de si e desprovido de juízo, Marcelo respondeu-lhe que Portugal é muito diferente dos EUA, insinuando que cá e ao contrário de lá, ninguém seria eleito Presidente só por ser famoso.

A internet – portuguesa e americana – delirou. Compreensivelmente, já que a repulsa que Trump provoca às pessoas de bem convida à satisfação com tudo o que o afronte. Mas como costuma acontecer sempre que a internet – portuguesa e americana – se pronuncia sobre algo, a reacção foi despropositada. Não por ser injusta para com Trump – não foi – mas por deixar o Presidente português “safar-se”.

Em primeiro lugar, o episódio, para quem tenha olhos na cara e os queira manter abertos, põe a nu a duplicidade da “persona” pública de Marcelo. Para se promover, o Presidente não se cansa de bajular Ronaldo, esforçando-se por ser filmado tantas vezes quando possível a abraçar “o melhor do mundo”, na esperança de que a popularidade, como a gripe ou o herpes, seja contagiosa.

Mas quando lhe deu jeito, para parecer que estava a ridicularizar Trump e assim conquistar pontos junto da opinião portuguesa que (justificadamente) execra o primeiro presidente laranja dos EUA, não hesitou em desconsiderar (pelas costas, para a indignidade ser ainda maior) Ronaldo, insinuando que não passa de um “simples” jogador de futebol e, como tal, supostamente inapto para desempenhar funções públicas e sem qualquer capacidade para estar à altura de Marcelo (provavelmente, está enganado).

Em segundo lugar, o Presidente e os que se deleitaram com a sua tirada esquecem-se que o próprio Marcelo só foi eleito para o cargo que ocupa – ou pelo menos, só ganhou a eleição da forma como a ganhou – por ser ele próprio uma celebridade televisiva, uma espécie de Kardashian política sem implantes e com menos vergonha. Ou seja, a natureza do poder político de Marcelo é a mesma da de Trump: o resultado de uma vida a vender a sua imagem, e centrado na mais pura e banal superficialidade.

Dir-me-á o leitor que Trump é um homem cruel, que não hesita em provocar o sofrimento de milhares de pessoas se isso lhe trouxer a aprovação do seu eleitorado (como se viu recentemente na questão da separação de famílias nos postos de fronteira com o México), corrupto até ao tutano e, consciente ou inconscientemente, um agente dos interesses do não menos cruel e corrupto governo russo, enquanto Marcelo é um homem bom, de “afectos”, que ajuda os sem-abrigo e até foi consolar os pobres velhotes vítimas dos incêndios que infernizaram o interior do país no ano passado. O leitor estará certíssimo quanto ao Presidente americano, mas proporcionalmente errado quanto ao nosso.

Como o próprio Marcelo recentemente admitiu sem sequer ter noção disso (apesar da fama em contrário, Marcelo não se distingue pela perspicácia), os “afectos” e a “proximidade” com “o povo” não passam de uma estratégia para aumentar a sua popularidade e poder pessoal. Marcelo aproveita-se oportunisticamente da genuína simpatia dos que o adoram. Marcelo não é um político “afectuoso”: é um político que vampiriza o apreço que muitos cidadãos têm pela celebridade que antes viam todos os domingos na TVI e hoje vêem todos os dias em todos os canais, com que alimenta o seu projecto de poder pessoal.

O caso das visitas às populações afectadas pelos incêndios foi particularmente revelador. Não contesto que, para aquelas pessoas, a visita e as palavras de Marcelo tenham sido um real conforto naquela hora de sofrimento, cuja dimensão não consigo sequer imaginar. Mas para fazer essa visita e dar esse conforto, Marcelo não precisava de ter as equipas de reportagem das televisões coladas a si no momento em que aquelas desgraçadas vítimas choravam nos seus braços e desabafavam aos seus ouvidos.

O Presidente poderia – e deveria – ter dito aos jornalistas e cameramen para não filmarem aqueles momentos, e que apenas gravassem os outros momentos da visita. Não o fez. E não o fazendo, convida a que se forme a ideia de que não o fez porque, mais do que consolar aquelas pessoas, queria ser visto a consolar aquelas pessoas. Ou seja, fica a impressão de que Marcelo – como Trump – explorou o sofrimento de gente de gente desesperada apenas e só para conquistar a aprovação do seu eleitorado. Como Trump, Marcelo merece tudo menos essa aprovação.

É claro que o Presidente, ao contrário do seu congénere americano, é extraordinariamente popular. Mas essa popularidade, só por si, demonstra apenas que pouco mais separa Marcelo de Trump do que a capacidade (que o primeiro tem e o segundo não) de mascarar a natureza das suas acções. O que, mais do que um mérito de Marcelo, é um demérito de quem não o vê como ele é.»