segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Como pensa Marcelo Rebelo de Sousa?

Com a devida vénia, de um artigo de João Pedro George, escritor e sociólogo, publicado na revista "Sábado" de 11 de Julho passado, sob o título "Subídios para o pensamento de Marcelo: Parte II", um pequeno excerto,

.../...«Aquilo que nos dá a chave e a decifração de Marcelo é a arte de cultivar a própria imagem e de a ostentar nos meios de comunicação social, há mais de 45 anos, com excelentes resultados. É a capacidade de manter a face, apesar de todas as contradições e incongruências, sem se tornar prisioneiro de si próprio e sem se deixar consumir pelo retrato que os outros fazem dele. É a habilidade de conseguir sobreviver, de forma darwiniana, no meio da sopa mediática dos contactos, dos telefonemas, dos apelos publicitários, da aluvião de jornalistas, das perguntas sobre os mais desvairados assuntos, dos estilos de vida dos ricos e dos famosos, da mania da notoriedade, da ambição desmedida de aparecer e ser visto, das férias na Quinta do Lago, das clientelas militantes, das jogadas de bastidores, dos arranjos na distribuição de cargos públicos, tantas vezes sacrificando o Estado e o dinheiro dos contribuintes, e por aí fora.


Como se justifica semelhante jeito para lidar com toda esta mexerufada? A resposta implica muito mais do que o notável poder de comunicação, o facto de andar em campanha eleitoral desde que se lembra de ter uso da razão ou o suposto contacto que mantém com o - como para aí se diz - "País real". Sobretudo, implica a persistência e a perseverança em falar das pessoas e das coisas dizendo sempre o que já se sabia e o que todos sabemos. Implica uma disposição mental para explicar tudo e nada, para insinuar tendências e o seu contrário, para fazer comentários que têm um sentido e o seu oposto, para resvalar na banalidade e na indeterminação, para verter frases vazias que nos descontextualizam e desarmam.».../... 

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