Com a devida vénia, eis alguns excertos da entrevista a Maria Amélia Ferreira, professora catedrática e diretora da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, publicada hoje no jornal "Diário de Notícias":
.../...«o nosso numerus clausus ideal é 190. Formar médicos exige recursos
materiais e humanos, e as capacidades formativas são muito exigentes. E
depois é a continuidade após os seis anos de ensino. Nos dois últimos
anos já há mais de 200 médicos que não tiveram acesso à especialidade.
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O nosso numerus clausus é 245. Mas recebemos mais 15% de um contingente de licenciados e de protocolos com a CPLP e outros. Temos à volta de 300 novos estudantes todos os anos.
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Portugal tem os médicos com uma distribuição anómala. Se fosse adequada, não haveria falta no Interior. Faltam incentivos para ir para fora do Litoral. O primeiro estudo sobre o número de médicos foi feito em 1999 pelo professor Alberto Amaral, era ele reitor da UP, e a projeção era que em 2016 começaria a haver excesso de médicos em Portugal. E isso verifica-se já. É um problema político.
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Juntamos sempre os pais dos alunos no início do curso e agora tenho pais
a perguntar se eu estou a dizer que o filho não vai ter emprego como
médico. E eu digo que estou. Isso não acontecia mas agora pode
acontecer. O curso exige muito tempo e o salário já não é o melhor. É
isso que faz que exista falta de médicos nos países nórdicos, porque os
jovens não iam para Medicina - são seis anos e mais quatro anos de
especialidade. A medicina é muito exigente, demora muitos anos e tem
muita responsabilidade.»
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