terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Começa a haver excesso de médicos em Portugal

Com a devida vénia, eis alguns excertos da entrevista a Maria Amélia Ferreira, professora catedrática e diretora da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, publicada hoje no jornal "Diário de Notícias": 

.../...«o nosso numerus clausus ideal é 190. Formar médicos exige recursos materiais e humanos, e as capacidades formativas são muito exigentes. E depois é a continuidade após os seis anos de ensino. Nos dois últimos anos já há mais de 200 médicos que não tiveram acesso à especialidade.
.../...
O nosso numerus clausus é 245. Mas recebemos mais 15% de um contingente de licenciados e de protocolos com a CPLP e outros. Temos à volta de 300 novos estudantes todos os anos.
.../...
Portugal tem os médicos com uma distribuição anómala. Se fosse adequada, não haveria falta no Interior. Faltam incentivos para ir para fora do Litoral. O primeiro estudo sobre o número de médicos foi feito em 1999 pelo professor Alberto Amaral, era ele reitor da UP, e a projeção era que em 2016 começaria a haver excesso de médicos em Portugal. E isso verifica-se já. É um problema político. 
.../...
Juntamos sempre os pais dos alunos no início do curso e agora tenho pais a perguntar se eu estou a dizer que o filho não vai ter emprego como médico. E eu digo que estou. Isso não acontecia mas agora pode acontecer. O curso exige muito tempo e o salário já não é o melhor. É isso que faz que exista falta de médicos nos países nórdicos, porque os jovens não iam para Medicina - são seis anos e mais quatro anos de especialidade. A medicina é muito exigente, demora muitos anos e tem muita responsabilidade.»

Sem comentários: