sábado, 22 de dezembro de 2012

Bagão Félix: "Parece que toda a despesa do Estado se concentra nas pensões"

Em declarações ao jornal digital de economia "Dinheiro Vivo", na última quarta-feira, Bagão Félix, antigo ministro das finanças e actual conselheiro do Estado, disse que o facto de o Orçamento de Estado para 2013 tratar de forma diferente os rendimentos dos pensionistas e os dos trabalhadores parece evidenciar indícios de inconstitucionalidade.

 "A área da segurança social talvez também tenha de ser mexida [nesta cruzada da consolidação orçamental], mas não deveria ser a primeira, devia ser a última", considera Bagão Félix, salientando que esta contribuição configura na realidade "um verdadeiro imposto", uma vez que uma contribuição pressupõe um benefício em troca, situação que neste caso não se aplica.

"Não está em causa as pessoas terem ideias diferentes", disse, acentuando que antes de se mexer na área social, deveria discutir-se a sustentabilidade de outras áreas e resolver-se os encargos com as "rendas ou as PPP" e se isso não chegasse, alargava-se para outros sectores.  Da forma como a discussão está a ser feita, parece até "que toda a despesa do Estado se concentra nas pensões".

A par da medida em si, Bagão Félix condena também as recentes afirmações de Pedro Passos Coelho, de que nem todos descontaram para as pensões que recebem e de que está em causa pedir sacrifícios idênticos a quem recebe e a quem paga as pensões. Para o antigo ministro, esta "ideia é perigosa e perversa, porque no fundo está a pôr pais contra filhos", ao culpar "os mais velhos desta situação".

Bagão Félix relativiza o facto de esta contribuição poder ser usada como dedução específica e abater ao rendimento sujeito a IRS, acentuando que não poderia ser de outra forma pois se assim não fosse quem tem pensões muito elevadas pagaria 102% entre CES e IRS.

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