sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

"Argo"

Baseado em factos verídicos, revelados no artigo How the CIA Used a Fake Sci-Fi Flick to Rescue Americans from Tehran, publicado na revista Wire e escrito pelo jornalista Joshuah Bearman, "Argo", decorre nos anos 79 e 80 do século passado, no desenvolvimento da revolução iraniana, quando ocorreu a invasão da Embaixada dos Estados Unidos da América, em Teerão, e foram feitos reféns 52 americanos.

Durante a confusão gerada, seis dos funcionários norte-americanos conseguiram escapar da Embaixada e refugiar-se na casa do Embaixador Canadiano. Eles foram vivendo aí clandestinamente, durante meses, sob sigilo absoluto, enquanto a CIA procurava a forma de os retirar em segurança do país. A melhor opção foi apresentada por Tony Mendez (Ben Affleck), especialista em extracções, que sugeriu que fosse utilizada uma grande produção de Hollywood como fachada para a operação. Aproveitando o sucesso de filmes como "Guerra nas Estrelas" e "A Batalha do Planeta dos Macacos", a ideia foi criar um filme falso, a ficção científica "Argo", que pretenderia usar as paisagens do Irão como local de filmagens. O projecto foi desenvolvido com a ajuda do produtor Lester Siegel (Alan Arkin) e do maquilhador John Chambers (John Goodman), que conheciam bem como Hollywood funcionava

Sendo a história e o seu desfecho conhecidos, ao menos pelos mais velhos de nós, não era de esperar que o filme que os relata conseguisse empolgar e galvanizar os espectadores. Mas é isso que concretiza, dada a forma dinâmica  como Ben Affleck trata e nos apresenta o argumento de "Argo". São espectaculares e impressionantes as cenas de rua, com concentrações de milhares de figurantes, ou as da interacção dos actores com multidões em movimento. Notavelmente conseguida também a integração de filmagens da época com as do próprio filme. A sequência final passada no aeroporto, das operações de check-in, embarque e manobras de takeoff, captura de tal forma o espectador que o coloca na pele dos fugitivos e a torcer pelo sucesso da operação, como se não o conhecesse antecipadamente.

Um filme notável, sem dúvida, que nos confirma a competência de Ben Affleck como director e produtor, mais do que como actor.

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