domingo, 23 de dezembro de 2012

Vicente Jorge Silva, a propósito das pensões e dos pensionistas

.../...«Estou muito distanciado politicamente de Bagão Félix para ser confundido com a ideologia predominante nas suas opiniões. Mas não posso deixar de concordar vivamente com ele quando escreve, com inteira objectividade, que «os pensionistas vão passar a pagar mais impostos do que outro qualquer tipo de rendimento, incluindo o de um salário de igual montante! Um atropelo fiscal inconstitucional, pois que o imposto pessoal é progressivo em função dos rendimentos do agregado familiar (art.º 104 da Constituição), mas não em função da situação activa ou inactiva do sujeito passivo e uma grosseira violação do princípio da igualdade (art.º 13)».

Bagão Félix vai ainda mais longe ao constatar que «quando se fala em redução da despesa pública há uma concentração da discussão sempre em torno da sustentabilidade do Estado social (como se tudo o resto fosse auto-sustentável…). Porque, afinal, os seus beneficiários são os velhos, os desempregados, os doentes, os pobres, os inválidos, os deficientes… os que não têm voz nem fazem grandiosas manifestações. E porque aqui não há embaraços ou condicionantes como há com parcerias público-privadas, escritórios de advogados, banqueiros, grupos de pressão, estivadores. É fácil ser corajoso com quem não se pode defender».../...

Por seu lado, Bagão Félix fala de «um abuso de poder sobre pessoas quase tratadas como párias e que, na sua larga maioria, já não têm qualquer possibilidade de reverter a situação. Uma vergonha imprópria de um Estado de Direito. Um grosseiro conjunto de inconstitucionalidades que pode e deve ser endereçado ao Tribunal Constitucional».../...

(Excerto do artigo de opinião do jornalista Vicente Jorge Silva publicado no jornal semanário "Sol" do dia 14 de Dezembro de 2012)

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