Com a devida vénia, eis alguns excertos do artigo da autoria de Clara Barata, publicado hoje no jornal "Público",
«Um estudo britânico publicado online na revista Lancet Infeccious Diseases de 8 de Dezembro concluía que “infecções e surtos causados pelo vírus SARS-CoV-2 foram pouco comuns em contextos educativos” durante Junho e Julho em Inglaterra, quando foram retomadas algumas aulas após o confinamento da Primavera passada. Mas esse resultado pode ter mais a ver com o facto de crianças e jovens apresentarem poucos sintomas, e de não se testar tanto como seria necessário, defendem dois outros cientistas britânicos, num comentário.
A partir de Setembro, na segunda vaga da covid-19 no Reino Unido, como noutros países, houve um aumento significativo de casos na população em idade escolar – dos 12 aos 24 anos, com especial peso nos 16/17 anos. Isto tornou-se mais visível quando as escolas reabriram, mas terá começado ainda antes – por isso, não é fácil dizer que tudo se deve às escolas, diz o grupo de peritos que aconselha o Governo britânico sobre a crise da covid-19, na tomada de posição de 4 de Novembro sobre “Crianças, Escolas e Transmissão” do vírus, no qual aconselha a ponderar os efeitos sobre a saúde mental das crianças do encerramento dos estabelecimentos de ensino.
Em Portugal, neste momento, o grupo etário dos 13 aos 17 anos é aquele em que mais tem aumentado a incidência da infecção pelo novo coronavírus nas duas últimas semanas, diz o epidemiologista Manuel Carmo Gomes, um dos especialistas que aconselha o Governo.
A análise da equipa de Sharif Ismail, da Public Health England (equivalente à Direcção-Geral de Saúde), publicada antes de o Governo britânico ter decidido, no fim de 2020, encerrar as escolas, foi feita em escolas britânicas em Junho-Julho, num universo de cerca de um milhão de alunos. Foram então detectados “177 eventos relacionados com a covid-19”, dos quais 55 verdadeiros surtos. Mas os principais afectados foram os adultos, e não as crianças ou adolescentes, concluiu a equipa: a maior parte das infecções que deram origem a surtos surgiram nos adultos que trabalham na escola (funcionários, professores, o estudo não discrimina).
Houve 27 casos por dia em cada 100 mil pessoas entre o pessoal educativo, comparado com 18 casos nos alunos dos anos iniciais (menos de cinco anos), seis casos na primária (cinco a 11 anos) e seis a oito casos nos estudantes do secundário (11-18 anos).».../...(continua)
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