Em Março de 2001, dias depois de o bastonário da Ordem dos Advogados de então, António Pires de Lima (pai do ex-ministro da Economia), ter criticado o governo socialista e a sua política de justiça, então sob o comando do ministro António Costa, Jorge Coelho, num encontro de militantes e autarcas socialistas, usou uma expressão que ficou para a história da política portuguesa: "Quem se meter com o PS leva!".
Ao que parece, toda uma geração de políticos socialistas levou muito a sério as palavras de Coelho, num exercício persistentemente trauliteiro, que atingiu o seu apogeu no reinado do "animal feroz". Augusto Santos Silva assumi-lo-ia de modo exemplarmente renovador em 2009 afirmando: "eu cá gosto é de malhar na direita".
Assim, não é de estranhar o comportamento de João Soares que, desde o início do seu mandato como Ministro da Cultura, tem procurado assegurar a continuidade do "movimento" trauliteiro do PS. Lembremos-nos da atitude em relação ao ex-presidente do CCB, aconselhando António Lamas a tirar "as devidas consequências" após o anúncio da extinção do plano Belém-Ajuda, uma forma consonante com a política trauliteira de pôr os patins em público a quem discorda do PS. Aliás, é um formato que vem de longe, apenas uma variação do "ó sr. guarda, desapareça!", popularizado pelo paizinho Soares em 1993.
E a saga trauliteira prossegue agora, com o mesmo Ministro da Cultura, João Soares, a escrever no Facebook que esperava "ter a sorte" de poder dar as prometidas, desde 1999, "bofetadas" ao crítico Augusto M. Seabra, estendendo essa vontade de aplicar idênticas "salutares bofetadas" também ao comentador Vasco Pulido Valente.
Penso, contudo, que devemos agradecer a António Costa a decisão de ter convidado João Soares para o Ministério da Cultura e não para o Ministério da Defesa, como em tempos terá sido considerado. Imagem o risco que seria termos Joāo Soares como Ministro da Defesa!
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