quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Os custos do desemprego, segundo Bagão Félix

Durante a conferência promovida ontem pela "Antena 1" e o "Diário Económico", Bagão Félix, ex-ministro das Finanças, chamou a atenção para o facto de que "normalmente quando se fala do custo do desemprego para as contas públicas fala-se apenas das prestações sociais inerentes", como o subsídio de desemprego. Mas há que somar "três variáveis”: a "perda de TSU nos desempregados subsidiados, a perda de TSU sobre desempregados não subsidiados", que são "mais de metade dos desempregados", e o "IRS, nos dois casos".

O Orçamento de Estado para 2014 contempla uma despesa de 2.700 milhões de euros para prestações de desemprego, notou Bagão Félix. Somando estas variáveis, "para um salário médio à volta de 650 euros, vamos ter uma perda de receitas de quatro mil milhões de euros". Somando as prestações sociais, "andamos perto dos sete mil milhões".

"Se tivéssemos uma taxa de desemprego de 7%, isso significa que o aumento (face a um nível de 17%) é de 3,9 mil milhões de euros. Como é que podemos fazer consolidação a aumentar o desemprego?", interrogou-se o economista. "A variável do desemprego, não só pelas suas perspectivas sociais, mas pelas consequências a nível do PIB, não pode ser desconsiderada", afirmou.

"Esse é o problema dos Pactos de Estabilidade. A palavra desemprego nunca aparece, é só inflação, é dívida, défice", mas é o desemprego "o principal gerador de dívida e défice, que leva a que o esforço acrescido seja muito maior e os resultados sejam muito menores", concluiu Bagão Félix.

Ou seja, para resumir, se Portugal tivesse um desemprego de 7% pouparia 3,9 mil milhões de euros.

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