Com a devida vénia, eis o editorial da jornalista Ana Sá Lopes, publicado ontem do jornal "Público",

É verdade que a Europa foi dura com o Reino Unido da mesma forma que agiu de forma grostescamente malévola com a Grécia depois do referendo. Domina nas instituições europeias um “efeito castigador”, vinda de cabeças educadas em escolas primárias de meados do século XX, segundo o qual a punição grosseira é a única via para tratar um país “rebelde”, mesmo que esse país esteja apenas a respeitar o voto legítimo do seu povo. A Europa já está a pagar por este género de políticas e pagará ainda mais no futuro.
Não foi a Europa que nomeou Boris primeiro-ministro – como fez em Itália, ao “substituir” Berlusconni por Mario Monti em plena crise financeira – mas ajudou à criação de um sentimento que facilitou o sucesso do discurso básico e populista. Mas Boris já era um vândalo, antes de ter chegado a primeiro-ministro (Os comentários que ontem muitos deputados do parlamento britânico dirigiram ao seu primeiro-ministro tornam esta expressão “vândalo” não tão violenta assim).
O Reino Unido está em guerra civil. Churchill, aquele que Johnson (um tanto pateticamente) quis emular, uniu o país no momento mais difícil da sua história recente. Boris, que vive agora perto dos “War Rooms” de Churchill, empenha-se em estilhaçar o Reino.»
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