quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Os grevistas deviam de ser obrigados a estar no local de trabalho

O artigo de opinião de Vítor Rainho com o mesmo título, publicado hoje no "Jornali". Com a devida vénia,

«É do senso comum que as pessoas têm direito a lutar por melhores condições de vida e de trabalho, recorrendo por isso, em última instância, à greve. Quando alguém deixa de trabalhar já sabe que outros serão prejudicados, seja na justiça, na saúde, no ensino, nos transportes ou nos guardas prisionais, só para dar alguns exemplos mais recentes. Não é preciso ser um génio para perceber que a distribuição da riqueza não é a mais justa em Portugal – ainda estamos muito longe dos países nórdicos, embora no que diz respeito às proibições gostemos de os ultrapassar. O Estado adora fazer leis para beneficiar uns e prejudicar outros – há dias aqui no i Luís Menezes Leitão recordava a obrigatoriedade obtusa de os condutores andarem com palas nas rodas traseiras, que muito contribuiu para encher os cofres a uns tantos e prejudicar milhões, já que essa lei desapareceu passado uns tempos.

Mas voltemos às greves: por que razão muitos sindicatos optam por fazer os seus protestos à sexta-feira ou em datas festivas? Faz algum sentido no Natal haver greve dos transportes públicos, prejudicando aqueles que não têm viatura própria de se deslocarem às suas terras? Por que razão os grevistas não são obrigados a permanecer nos locais de trabalho, apesar de fazerem greve? Se assim fosse ninguém diria que tentam prolongar os fins de semana ou “folgar” nas datas festivas. No fundo, fazem o que muitos sindicatos da polícia usam como expediente: as associações sindicais que têm mais dirigentes do que associados aproveitam-se da lacuna da lei para poderem “inventar” trabalho sindical às segundas ou sextas-feiras e prolongarem o seu fim de semana ou, lá está, para não trabalharem nas datas festivas.

Também não é preciso de ser um génio para saber que as greves prejudicam os mais pobres, como também relembrava há dias aqui no i Bagão Félix. Haverá caso mais gritante do que o da saúde? A maternidade pode estar a meio gás para os pobres, mas as clínicas privadas estão a todo o gás para os mais endinheirados. Alguma coisa terá de ser feita para alterar este estado de chico-espertices.»

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