terça-feira, 21 de agosto de 2018

A utilização de cálcio e vitamina D não reduz o risco de fracturas em doentes idosos não institucionalizados

As fracturas, em particular, as fracturas da anca são muito comuns na população mais idosa, devido ao enfraquecimento ósseo, o que pode levar ao aumento da fragilidade dessa população mais idosa. Por outro lado, a vitamina D e o cálcio são necessários para o fortalecimento e reconstrução óssea. Sabe-se, também, que a população idosa apresenta baixos níveis de vitamina D e de cálcio devido à falta de exposição solar e ao baixo consumo dietético. Por essa razão, tem vindo a ser sugerido que a suplementação com cálcio e vitamina D pode reduzir o risco de fractura óssea, particularmente em doentes institucionalizados.

Foi realizada uma pesquisa de estudos randomizados, meta-análises e revisões sistemáticas na PubMed, Cochrane e EMBASE com as palavras-chave "calcium", "vitamin D" e "fracture", sem limites linguísticos e com limite temporal de 10 anos. Foram incluídos 33 estudos. Dois revisores avaliaram independentemente os estudos publicados quanto aos critérios de inclusão e qualidade metodológica, utilizando uma ferramenta de pontuação padrão de risco de viés. Os desacordos foram resolvidos por consenso. Dos 33 estudos incluídos, 1 ensaio foi de baixa qualidade, 6 foram de alta qualidade e o restante foi de qualidade moderada.

As análises realizadas aos diferentes subgrupos não demonstraram diferenças com base na dosagem de cálcio ou de vitamina D, sexo dos doentes, história de fractura, ingestão dietética de cálcio ou concentração sérica basal de 25-hidroxivitamina D. Em comparação com o placebo ou com a ausência de tratamento, não se verificou que a suplementação com cálcio tenha reduzido o risco de fractura de forma estatisticamente significativa.



Estes resultados colocam em dúvida, de alguma forma, a suplementação com cálcio e vitamina D na população idosos em geral. Até à data, todos os estudos realizados nesta faixa etária e que motivavam as recomendações para a suplementação, eram baseados em populações de idosos institucionalizados, o que constitui um enviesamento. Em suma, parece não existir, de momento, evidência para a suplementação com cálcio e vitamina D da população idosa em geral.

Referências
"Association Between Calcium or Vitamin D Supplementation and Fracture Incidence in Community-Dwelling Older Adults: A Systematic Review and Meta-analysis". Zhao JG, Zeng XT, Wang J, Liu L. JAMA. 2017 Dec 26;318(24):2466-2482. doi: 10.1001/jama.2017.19344.

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