domingo, 30 de abril de 2017

Marcelo: uma selfie com as claques?

Do artigo de opinião de Filipe Luís, Director Executivo da revista "Visão", publicado nesta revista no passado dia 28 de Abril, com o mesmo título, alguns excertos. Com a devida vénia,

«Combater a conflitualidade na sociedade portuguesa foi, na campanha eleitoral, e tem sido, no terreno, uma das prioridades do Presidente da República. A principal ferramenta do Chefe de Estado, para atingir esse desiderato, é a da "proximidade", conforme voltou a vincar, numa importante entrevista à Antena 1, esta semana. Confrontado com as críticas de que aparece em demasiados sítios e intervém demasiadas vezes sobre demasiados assuntos, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu-se com um argumento irrebatível: "Eu sou mesmo assim".

Pois bem: o Presidente da República é de um silêncio ensurdecedor, relativamente ao clima de guerra que existe numa importante atividade em Portugal e naquela que mais emoções e alarme social é suscetível de produzir: o futebol. Marcelo nunca teve uma palavra de alerta, apaziguamento ou pedagogia sobre a violência em torno do futebol, nunca apareceu no meio de uma claque a tirar selfies, nunca procurou aproximar fações desavindas, nem visitou a família do adepto italiano morto junto do Estádio da Luz. Nem ele, nem qualquer governante. O fenómeno tem passado completamente ao lado do poder político e das instituições do Estado. Nem Governo, através da tutela do Desporto ou da Administração Interna, nem Presidente, nem Assembleia da República, nem geringonça, nem oposição. Já houve uma morte. De quantas mais estão à espera?

O poder político não pode demitir-se. Compreende-se que evite intervir no futebol, temendo que seja, como é, um ninho de vespas. Em vez disso, políticos de vários quadrantes aparecem em tribunas de honra ao lado de presidentes de clubes, caucionando a sua atuação de principais responsáveis por esta selva. Será que o tema é aflorado naqueles camarotes presidenciais? Já moveram uma palha para sentar à mesma mesa dirigentes desportivos, chefes de claques ou líderes da opinião pública desportiva que todos os dias incendeiam o ambiente, mais um bocadinho, em comentários televisivos?».../...

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