
"Em momentos de crise, não há discernimento, o que para mim é uma referência contínua. [Há o risco de] procurarmos um salvador que nos devolva a identidade e nos defenda com muros, vedações ou que for, de outros povos que nos possam tirar a identidade. E isso é muito grave. Por isso, procuro sempre dizer: dialoguem entre vós", diz o Papa na entrevista ao El País.
"O caso da Alemanha em 1933 é típico: um povo estava em crise, procurou a sua identidade e apareceu um líder carismático que prometeu dar-lhe identidade. Deu-lhe uma identidade distorcida e já sabemos o que se passou", lembra o Papa.
O Papa Francisco comentou ainda o discurso nacionalista sobre o controlo de fronteiras. "As fronteiras podem ser controladas? Sim, cada país tem direito a controlar as suas fronteiras, quem entra e quem sai. E os países que estão em perigo – de terrorismo e coisas desse estilo – ainda têm mais direito, mas nenhum país tem o direito a privar os seus cidadãos do diálogo com os vizinhos".
Questionado directamente sobre Donald Trump e o seu discurso na tomada de posse, o Papa Francisco disse que prefere esperar: "Não gosto de me antecipar aos acontecimentos, nem de julgar as pessoas antes de tempo. Veremos o que faz Trump e aí formarei a minha opinião".
O Papa Francisco mostra-se ainda preocupado com o actual estado do mundo. "Estamos na III Guerra Mundial aos bocadinhos. E ultimamente fala-se de uma possível guerra nuclear como se fosse um jogo", diz o Papa, mostrando-se igualmente preocupado com a "desproporção económica": "que um pequeno grupo da humanidade tenha mais de 80% da riqueza, com o que isso significa, e onde no centro do sistema económico está o deus dinheiro e não o homem, a mulher, o humano".
(Fonte da notícia: jornal "Público" de 21 de Janeiro de 2017)
Sem comentários:
Enviar um comentário