quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Há cada vez mais homens vítimas de violência doméstica a pedir ajuda

O número de homens vítimas de violência doméstica que pedem ajuda à Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) está a aumentar. Para combater o receio da denúncia e para quebrar mitos e estereótipos, foi lançada uma campanha que alerta para o problema. Eis o vídeo alusivo:


A campanha é da autoria de cinco alunos do curso de Publicidade e Marketing da Escola Superior de Comunicação Social de Lisboa e aponta a vergonha como sendo a marca dominante num homem que é vítima deste tipo de crime.

De acordo com dados da APAV, há cada vez mais homens a recorrer à associação, alegando serem vítimas de violência doméstica. Entre 2013 e 2015, o número aumentou 20 por cento, superando a fasquia das 1200 vítimas masculinas (quase todas com mais de 65 anos). Em 2015, 452 homens pediram ajuda à associação.Estes dados levaram a APAV a agir, com uma campanha que está a ser divulgada em diversas plataformas, incluindo as redes sociais.

"Nós achamos que há um aumento de pessoas a queixarem-se, mas não conseguimos perceber, como noutro fenómeno criminal, se há um aumento do fenómeno. O que sabemos é que há mais homens a queixarem-se, daí termos decidido avançar uma campanha para este tipo de vítimas", realçou assessor técnico da direcção da APAV, Daniel Cotrim, em declarações à TSF.

De acordo com Daniel Cotrim, os casos de violência doméstica nos homens têm características específicas, que os distinguem da violência doméstica nas mulheres, já que são situações em que impera a violência psicológica. As estatísticas da associação mostram que em 38,2% dos casos denunciados houve maus tratos psíquicos e em 25% maus tratos físicos, totalizando mais de 60% dos crimes denunciados.

Relativamente às características do autor das agressões, os dados da APAV mostram que em 60,8% dos casos são mulheres, com idades compreendidas entre os 35 e os 54 anos (32,2%). Daniel Cotrim explicou que o mote da campanha é falar daquilo que muitas vezes impede os homens de apresentarem queixa quando são vítimas de violência doméstica: a vergonha.

A campanha tem como objectivo "quebrar o ciclo da vergonha e, sobretudo, quebrar alguns mitos e estereótipos". "Quando estas situações ocorrem as pessoas têm tendência para se rir. É socialmente aceite que uma mulher seja vítima de violência doméstica, mas não o é se um homem é vítima de violência doméstica", afirma.

Para a APAV, "é necessário que os homens se libertem deste peso do medo e da vergonha de pedirem ajuda". E nos últimos anos, em Portugal, têm-se verificado avanços no que diz respeito a esta realidade. A campanha agora lançada é um sinal desse facto.

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