.../---«Poderia pensar-se que alguns medicamentos são mais caros porque custa mais produzi-los, mas não é necessariamente assim, garante Pedro Pita Barros, professor de Economia da Universidade Nova de Lisboa. “Não foi o custo dos medicamentos inovadores que disparou mas sim o preço pedido.” A distinção é importante, sublinha, porque, ao contrário do que acontece com outros bens, os preços elevados de alguns fármacos não refletem o que custou produzi-los. Sem surpresa, esse custo é algo que as farmacêuticas não estão dispostas a revelar, o que deixa os clientes (sobretudo os Estados e as seguradoras, mas também os pacientes) numa posição de extrema vulnerabilidade, negociando com uma única empresa que detém o exclusivo da cura e que, por isso, pode exigir o preço que quiser.
As farmacêuticas justificam-se com a necessidade de recuperar os custos de investigação, mas o argumento não convence os críticos. Para o desmontar, basta recorrer à calculadora. Veja-se novamente o caso do sofosbuvir: a Gilead comprou-o por cerca de 10 mil milhões de euros, o que pode parecer uma fortuna, mas recuperou o investimento em menos de um ano — o fármaco faturou mais de 11 mil milhões de euros em 2014. Se se considerar antes o custo de investigação e desenvolvimento, que Jeffrey Sachs estima em menos de 300 milhões de euros, este foi recuperado em poucas semanas.».../...
(continua)
(Excerto do artigo intitulado "Vender por €100 mil aquilo que se produziu a €100: o incrível negócio dos medicamentos inovadores", da autoria de Nelson Marques, publicado no jornal "Expresso" online de 30 de Agosto último)
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