O ministro da Saúde, Paulo Macedo vai avançar com a medida de dar mais dinheiro aos médicos que, voluntariamente, aceitem alargar as suas listas de utentes. Nos casos dos que estão em horário de 35 horas, o despacho em discussão pública prevê que as listas possam ir até 2356 unidades ponderadas (o equivalente a cerca de 1905 utentes) e os que estão em horário de 40 horas poderão ir até às 2796 unidades (o equivalente a 2261 utentes).
Para convencer os médicos a aceitar acompanhar mais cerca de 300 utentes do que seguem actualmente, o Governo acena-lhes com um complemento salarial mensal que pode ir até aos 741,3 euros brutos. Valor que, após impostos, "baixa para cerca de 350 euros", razão pela qual a Ordem dos Médicos e os sindicatos não acreditam que esta medida venha a surtir grande efeito.
A propósito desta decisão de Paulo Macedo, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) publicou o seguinte comunicado, intitulado "A história do burro e da cenoura revisitada"
«Faz parangonas na comunicação social a intenção de ser dada uma cenoura aos médicos de família portugueses.
Se aceitarem aumentar as suas listas de utentes de 1900 para 2500, poderão ter um aumento salarial de até 741 euros brutos.
Não é difícil ver quem se pretende que seja o burro nesta história ...
Os médicos de família já estão no limite da sua capacidade de oferecerem cuidados de qualidade aos seus doentes. Por isso é que os sindicatos médicos não cederam na negociação da grelha salarial para o novo regime de 40 horas semanais, não abdicando do limite de 2358 unidades ponderadas/1900 utentes.
Por isso só aceitariam que um aumento transitório do esforço assistencial, como se pretende, fosse feito com o recurso a trabalho suplementar, uma vez que essas horas são bem precisas para o atendimento condigno dos actuais utentes das suas listas.
Por conseguinte o SIM desaconselha todos os médicos de família seus associados a serem iludidos por esta cenoura murcha e desbotada.»
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