sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Alemanha - o "motor" está a falhar...

.../...«O próprio sucesso exportador da Alemanha já sofreu um abalo - em Agosto passado as exportações baixaram quase 6%. O conflito na Ucrânia, envolvendo a Rússia, explica apenas uma parte deste recuo. As exportações de máquinas e equipamentos para os chamados países emergentes são afectadas pelo abrandamento geral dessas economias. A China, por exemplo, cresce actualmente a um ritmo de quase metade do que acontecia há dez anos.

Mais grave é que a competitividade exportadora da Alemanha se deve não tanto a melhorias de produtividade (subida média anual de 0,3%, entre 2007 e 2012, contra 1,5% nos EUA), mas sobretudo à compressão dos salários. Estes, descontando a inflação, encontram-se ao nível dos anos 90.

Há mais de sete milhões de 'mini-empregos' na Alemanha, agravando as desigualdades de rendimentos. E um quinto das crianças vive em situação de pobreza, o que é chocante num país tão rico. Acresce que o rápido envelhecimento da população alemã deverá retirar 200 mil activos por ano da força de trabalho. Surpreendentemente, Merkel aceitou baixar (em vez de subir) a idade da reforma.
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Há uma década que a economia alemã cresce pouco mais de 1% ao ano. Merkel prega reformas aos outros, mas não as faz em casa - por exemplo, na liberalização no sector dos serviços.

O 'fetichismo' orçamental dos alemães, imposto aos seus parceiros no Euro, não prejudica apenas estes. Prejudica a própria Alemanha. Contra o que diz Berlim, o actual modelo alemão falhou; não é um exemplo a seguir.»

(Excertos do artigo de opinião de Francisco Sarsfield Cabral, intitulado "Falhas no motor alemão", publicado no semanário "SOL" de 31 de Outubro de 2014)

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