Continuação e conclusão do artigo de opinião da autoria de João Miguel Tavares, publicado no jornal "Público" no passado dia 1 de Julho: 
«Ora, ninguém à face da terra possui uma independência inexpugnável. 
Isso não significa que todos tenhamos um preço – significa apenas que 
somos condicionados por relações de amizade ou de sangue e que nesse 
campo uma família de 300 membros, que há décadas se move na alta 
sociedade portuguesa como peixe na água, acaba por chegar a quase toda a
 gente que interessa. O próprio Sousa Tavares referiu essas ligações há 
um ano, numa entrevista à Sábado: “O Ricardo Salgado é sogro da
 minha filha e avô de netos meus. Além disso, somos amigos há muitos 
anos, porque eu fui casado com uma prima direita dele. Nunca o critiquei
 e nunca o elogiei, porque acho que não se fala da família em público.” 
Pode apontar-se a Miguel Sousa Tavares muita coisa – eu já o fiz –, mas 
não falta de independência ou coragem. Simplesmente, quando o caso BES 
atinge esta dimensão, o silêncio de alguém com a sua importância 
torna-se efectivamente um favor a Salgado. Não há como fugir a isso.
«Ora, ninguém à face da terra possui uma independência inexpugnável. 
Isso não significa que todos tenhamos um preço – significa apenas que 
somos condicionados por relações de amizade ou de sangue e que nesse 
campo uma família de 300 membros, que há décadas se move na alta 
sociedade portuguesa como peixe na água, acaba por chegar a quase toda a
 gente que interessa. O próprio Sousa Tavares referiu essas ligações há 
um ano, numa entrevista à Sábado: “O Ricardo Salgado é sogro da
 minha filha e avô de netos meus. Além disso, somos amigos há muitos 
anos, porque eu fui casado com uma prima direita dele. Nunca o critiquei
 e nunca o elogiei, porque acho que não se fala da família em público.” 
Pode apontar-se a Miguel Sousa Tavares muita coisa – eu já o fiz –, mas 
não falta de independência ou coragem. Simplesmente, quando o caso BES 
atinge esta dimensão, o silêncio de alguém com a sua importância 
torna-se efectivamente um favor a Salgado. Não há como fugir a isso.
Mas
 se Sousa Tavares não fala sobre o tema e já justificou porquê, o mais 
influente comentador português – Marcelo Rebelo de Sousa – necessita 
urgentemente de aproveitar algum do seu tempo dominical para fazer a sua
 declaração de interesses em relação aos Espírito Santo. E essa 
declaração é tanto mais premente quanto nas últimas semanas tem vindo a 
defender a solução Morais Pires, considerando até que a impressionante 
queda das acções do BES na passada semana era coisa “inevitável”, visto 
estarmos perante “um novo ciclo”. Que essa queda tenha acontecido 
exactamente por não estarmos perante um novo ciclo parece não ter 
passado pela sua cabeça, habitualmente tão veloz e atenta.
Não admira, pois, que Nicolau Santos tenha chamado a atenção no Expresso
 para o facto de Marcelo e Ricardo Salgado já terem passado juntos 
“várias vezes férias no Mediterrâneo”. E já agora – acrescento eu – que 
Rita Amaral Cabral, há longuíssimos anos companheira de Marcelo, como é 
público, seja actualmente administradora não executiva do BES, e, entre 
2008 e 2012, um dos três membros da comissão de vencimentos do banco. 
Marcelo, como todos sabemos, nunca teve quaisquer problemas em criticar 
aqueles que lhe são próximos. Mas há factos que devem ser verbalizados –
 porque é precisamente destes pequenos segredos que vive o regime que 
nos trouxe até aqui.»
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