sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Os "mercados não acreditam que Portugal consiga evitar um segundo resgate"


A revista britânica "The Economist" num artigo que integra a versão impressa do próximo número, a ser publicado a 10 de Agosto, analisa os países da zona comunitária resgatados pela troika e conta ao eleitorado alemão o que a sua chanceler não lhes revela. Sobre os três países na alçada do programa de ajustamento financeiro - Portugal, Irlanda e Grécia - a revista escreve que os resgates a que foram sujeitos "deixaram a dívida soberana demasiado elevada para ser sustentável".

De acordo com a publicação britânica, a Irlanda deverá ser o primeiro país a concluir o programa de ajustamento mas, "na prática, será apenas uma conclusão parcial". Após a conclusão do programa, a Irlanda deverá recorrer aos mercados para satisfazer as suas necessidades de financiamento, em vez de recorrer a empréstimos oficiais.

A conclusão do programa de ajustamento irlandês, que deverá ocorrer no final de 2013, deverá abrir caminho para a conclusão do programa português, em meados de 2014. No entanto, escreve a revista, a conclusão está "agora em risco, uma vez que a forte recessão condicionou o apoio ao Governo liderado por Pedro Passos Coelho".

A revista escreve mesmo que os "mercados não acreditam que Portugal consiga evitar um segundo resgate", tal como a Grécia não conseguiu evitar no último ano. Ao passo que a yield da dívida irlandesa com maturidade a longo prazo está abaixo dos 4%, a yield portuguesa no mercado secundário tem estado a negociar acima dos 6,5%, um valor "muito alto para um país tão endividado", indica a publicação britânica.

Embora Portugal tenha conseguido recorrer aos mercados, nos primeiros meses do ano, para satisfazer as necessidades adicionais de financiamento, o país atravessou no último mês uma "acutilante crise política, que enfraqueceu a sua capacidade de enfrentar um défice orçamental de 5,5% do PIB este ano", refere a "The Economist".  

A revista indica ainda que "sob o peso da dívida, as perspectivas de crescimento para Portugal a médio prazo são pobres". "A dívida pública atingiu 127% do PIB, e o fardo potencial é maior. O governo tem grandes passivos contingentes, decorrentes de garantias, parcerias público-privadas e empresas públicas. Estes passivos poderiam transformar-se em dívida real: o FMI estima que poderiam acrescentar mais 15% do PIB ao fardo, elevando o rácio acima de 140%", escreve a "The Economist".

(Adaptado do artigo publicado hoje no "Jornal de Negócios" online)

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