A revista britânica "The Economist" num artigo que integra a versão impressa do próximo número, a ser publicado a 10 de Agosto, analisa os países da zona comunitária
resgatados pela troika e conta ao eleitorado alemão o que a sua
chanceler não lhes revela. Sobre os três países na alçada do programa de
ajustamento financeiro - Portugal, Irlanda e Grécia - a revista escreve
que os resgates a que foram sujeitos "deixaram a dívida soberana
demasiado elevada para ser sustentável".
De acordo com a publicação britânica, a Irlanda deverá ser o primeiro
país a concluir o programa de ajustamento mas, "na prática, será apenas
uma conclusão parcial". Após a conclusão do programa, a Irlanda deverá
recorrer aos mercados para satisfazer as suas necessidades de
financiamento, em vez de recorrer a empréstimos oficiais.
A conclusão do programa de ajustamento irlandês, que deverá ocorrer
no final de 2013, deverá abrir caminho para a conclusão do programa
português, em meados de 2014. No entanto, escreve a revista, a conclusão
está "agora em risco, uma vez que a forte recessão condicionou o apoio
ao Governo liderado por Pedro Passos Coelho".
A revista escreve mesmo que os "mercados não acreditam que Portugal
consiga evitar um segundo resgate", tal como a Grécia não conseguiu
evitar no último ano. Ao passo que a yield da dívida irlandesa com
maturidade a longo prazo está abaixo dos 4%, a yield portuguesa no
mercado secundário tem estado a negociar acima dos 6,5%, um valor "muito
alto para um país tão endividado", indica a publicação britânica.
Embora Portugal tenha conseguido recorrer aos mercados, nos primeiros meses do ano, para satisfazer as necessidades adicionais de
financiamento, o país atravessou no último mês uma "acutilante crise
política, que enfraqueceu a sua capacidade de enfrentar um défice
orçamental de 5,5% do PIB este ano", refere a "The Economist".
A revista indica ainda que "sob o peso da dívida, as perspectivas de
crescimento para Portugal a médio prazo são pobres". "A dívida pública
atingiu 127% do PIB, e o fardo potencial é maior. O governo tem grandes
passivos contingentes, decorrentes de garantias, parcerias
público-privadas e empresas públicas. Estes passivos poderiam
transformar-se em dívida real: o FMI estima que poderiam acrescentar
mais 15% do PIB ao fardo, elevando o rácio acima de 140%", escreve a "The Economist".
(Adaptado do artigo publicado hoje no "Jornal de Negócios" online)
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