.../...«a Europa encontrou
um novo modelo para resgatar os bancos e que passa por impor perdas não
só aos accionistas e obrigacionistas, mas também aos depositantes. Na
semana passada, quando se estava a negociar o empréstimo para o Chipre, o
líder do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, jurou a pés juntos que a
solução de taxar os depósitos na ilha não iria ser replicada em mais
nenhum País da zona euro. Na semana passada jurou e ontem abjurou.
Jeroen Dijsselbloem veio dizer que afinal, de agora em diante, caso
algum banco na Europa venha a ter problemas, os accionistas, os
obrigacionistas e, pasme-se, os depositantes com poupanças de mais de
100 mil euros vão ser chamados a fazer um ‘bail-in' ao banco para que
os contribuintes não tenham de fazer um ‘bail-out'.
E o que vai acontecer depois desta decisão bizarra, injusta e
altamente alarmista? A Moody's fala em risco de saída de depósitos da
Europa, fugas de capital e custos mais elevados para as empresas e os
países do euro se financiarem.
No curto prazo provavelmente não se vai sentir nada. O grande capital move-se sorrateiramente e de forma silenciosa para outras paragens. Só daqui a uns meses é que vamos perceber os estragos que uma decisão deste género terá nos balanços da banca. E nessa altura, se for preciso salvar algum banco que faliu por causa da fuga de depósitos, os eurocratas bem podem procurar os tais depósitos de 100 mil euros para taxar que não os vão encontrar.»
(Excerto da opinião de Pedro Sousa Carvalho, publicada no jornal "Diário Económico" em 2013.03.26)
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