sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Isabel Jonet merece o respeito de todos

As declarações da presidente do Banco Alimentar Contra a Fome, Isabel Jonet, na quarta-feira à noite, em directo no programa Última Edição, na SIC Notícias, desencadearam uma crescente onda de protestos, com insinuações de índole pessoal, acusações de activismo político e até um pedido de demissão.
 
No programa, em que se debatiam as causas e consequências da actual situação de crise generalizada, Jonet considerou que "os portugueses vivem muito acima das possibilidades", que vão ter que "aprender a viver com menos", concluindo que "vamos ter que empobrecer muito, vamos ter que viver mais pobres".
 
Nas redes sociais começaram logo a surgir reacções de indignação e, numa carta aberta publicada nesta quinta-feira na Internet pelo Movimento Sem Emprego, Jonet é mesmo acusada de proferir "insultos", "declarações aviltantes" e de "mascarar de caridade o saque que estão a fazer às nossas vidas".
 
Ontem foi também lançada na Internet uma petição para "a demissão imediata de Isabel Jonet do cargo da presidência do Banco Alimentar Contra a Fome", pedido justificado porque as suas declarações constituiriam "uma enorme falta de respeito para com os cidadãos pobres deste país", cuja situação de desespero "não se coaduna com as políticas de um Estado caritativo", que Jonet é acusada de defender.
 
Extraordinário! Nas suas declarações, Isabel Jonet apenas fez a constatação da realidade e dessa triste realidade extraiu as inevitáveis consequências.
 
E afinal, como oportunamente escreve Henrique Monteiro no seu blogue, «A obra de Isabel Jonet fala por si. Mas há uma certa categoria de gente para quem o importante são palavras. Para quem os pobres não são pessoas reais, com qualidades e defeitos, mas categorias político-filosóficas abstratas. Claro que nenhum daqueles que critica violentamente Isabel Jonet terá feito um centésimo do que ela fez no combate à pobreza e à fome em concreto. Mas a pessoas assim não interessam obras nem atos concretos. Apenas ideias e palavras. E vivem iludidos com palavras a vida toda».

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