«O que se passa nas finanças das empresas públicas de transportes colectivos é, infelizmente, típico da nossa tendência para adiar a resolução dos problemas. Uma tendência agravada porque os ministros sabem que o seu cargo é temporário, o mesmo acontecendo (embora em menor grau) com os gestores dessas empresas. Quem vier depois que resolva.
Até que chega um momento em que se torna impossível adiar mais. É o que agora aconteceu com a anunciada, e brutal, subida do preço dos transportes.
Este é o resultado de durante décadas se terem deixado degradar as tarifas. Por outro lado, nem sempre o Estado pagou em devido tempo às empresas públicas de transportes as indemnizações compensatórias pelo serviço prestado à comunidade, com tarifas abaixo do custo (algumas ainda ficarão assim, abaixo do custo, apesar dos aumentos). Daí que as empresas tivessem de recorrer ao crédito bancário para não fecharem. Têm agora uma dívida global equivalente a um décimo do PIB. Só de juros em 2010 pagaram 590 milhões de euros. Uma situação insustentável.»
Francisco Sarsfield Cabral, jornal online "Página 1" de 2011.07.26 (link)
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