terça-feira, 15 de maio de 2018

Nuvens sobre o turismo em Portugal

Do artigo de opinião do economista João Abel de Freitas, publicado ontem no "Jornal Económico", sob o título "Por onde anda o Turismo?", a parte final. Com a devida vénia,

.../... «E o Turismo? Algumas nuvens?

Enfim o turismo, em geral. Quem anda pelas cidades, por certas zonas sobretudo, encontra turistas por todo o lado. É um dado. E continuará por muito tempo?

Os nossos governantes apostam em grande nesse sector. Só lhes desejo muito bom sucesso. Para o país continua a ser importante. Mas há que pensar em muita coisa.

Para além da dinâmica do turismo, das exigências cada vez maiores na procura, da diversificação de interesses, da necessidade de organização de respostas diferenciadas e atenção à dinâmica dos mercados concorrentes.

Apesar de não estar aí uma crise, uma queda abrupta de turistas, aparecem sinais e alguma preocupação de que se vislumbra instabilidade nos mercados. E Portugal tem zonas muito sensíveis a essa situação. Quase todo o país seria afectado por mudanças pronunciadas, mas sem dúvida, zonas como o Algarve ou a Madeira seriam muito afectadas com rupturas de fluxos no mercado.

Já não basta uma ou outra falência de certos grupos de “alimentação” de turistas (operadores) como tem acontecido, com os transtornos financeiros correspondentes. Agora uma mudança nos fluxos de mercado teria maior impacto.

Não afirmo que isso esteja a acontecer em grande escala. Mas há sinais de que mercados como a Turquia, Egipto, Tunísia e outros estão em grande retoma e atenção, essa tendência vai ter impacto em certas zonas turísticas do país. Há que pensar em alternativas. Uma certa acalmia de actos terroristas começa a desviar turistas do país, que só por acaso vieram cá parar por algum tempo.

A retoma começa a ser real e ainda bem, pois o turismo vive de calma e sossego. Ele em si, pelo menos em certas camadas, cria o seu próprio desassossego. Por outro lado, já se fazem sentir alguns efeitos negativos do Brexit. Uma redução de turistas no Algarve e na Madeira. Há indícios de quebras significativas.

Fala-se numa certa compensação com turistas de outras origens, mas, como se viu, os movimentos aqui também não são lineares. Quero com isto dizer o quê?

Para que não haja surpresas, toda a atenção é pouca a fenómenos novos de que começam a surgir indícios. Será talvez necessária maior ponderação em certos investimentos anunciados no turismo em termos de oferta e não de infra-estruturas e organização, essas continuam a necessitar de modernização e de maior funcionalidade.

Outra área importante é a dos recursos humanos, a nunca descurar e a desenvolver a todos os níveis para consolidação e aumento da nossa competitividade. Tudo indica que 2018, embora com taxas de crescimento mais baixas, vai continuar favorável, sobretudo em termos de receitas, o que é um bom indicador de valorização do sector. Para os anos que se seguem ficam as interrogações.»

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