terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

O plágio e a conversa da treta

E é mesmo assim. A opinião, de Ferreira Fernandes, publicada hoje no jornal "Diário de Notícias", curta e incisiva, resume aquilo que se pode e deve dizer nesta altura. E acabem com a conversa de treta...

«O que aqui me traz não é o plágio. Plágio é: fazer imitação de trabalho alheio. Sobre o plágio pode discutir-se a intenção dolosa, de má-fé, ou não. Mas, antes, cabe ouvir a ironia concisa do maestro António Victorino d"Almeida ao DN, ontem: "Não é plágio, é igual." Isto é, a música de Canção do Fim de Diogo Piçarra é igual ao cântico Abre os Meus Olhos, hino da Igreja Universal do Reino de Deus. Mesmo os pecos dos tímpanos, ao compararem as duas músicas, descobrem-nas afinal uma só. E como Diogo nasceu em 1990, seria demasiado milagre que ele pudesse, em 1979, fazer más canções, quando na IURD, entre dois apelos ao dízimo, já se ouvia a tal musiquinha evangélica. Portanto, acabou a conversa. Que eu não retomaria aqui se Diogo Piçarra não viesse com conversa de pastor da IURD para o Facebook. Diz ele que está com "a consciência tranquila." Não tenho razões para duvidar, não o conheço. Mas não é a consciência dele, agora, o ponto. Como também não é altura de sacudir as culpas da imitação para outros, com esta frase: "É engraçado como a vida tem destas coisas, coincidência divina ou não..." Jesus? Espírito Santo? A andarem pelos Festivais da Canção a pregar partidas aos concorrentes? Não me parece. Na melhor das hipóteses, foi a sua própria inspiração que traiu Piçarra - ouviu algures, ficou-lhe no ouvido e reproduziu sem querer. Mas o cantor insiste: "Nunca participaria num concurso nacional com a consciência de que estava a plagiar uma música da Igreja Universal." Outra vez conversa pseudoconfessional... Mas que mania de afogarmos os assuntos concretos com conversa da treta. O ponto, Diogo Piçarra, é: a canção não é sua! Logo, tire-a do festival. Feito isso, e só depois, fale do seu papel na canção como lhe der na gana.»

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