segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Por favor, parem de embrulhar prendas!

Da muito oportuna crónica de opinião de João Quadros, intitulada "Embrulhos de Natal", publicada hoje na Newsletter do SAPO24, alguns excertos, com a devida vénia:

.../... «a minha profunda irritação desta quinzena vai para os embrulhos de Natal. Veja o cada vez mais estimado leitor (começo a sentir um clima) que há filas de dezenas de quilómetros no Centro Comercial Colombo, junto à mesa das miúdas que fazem embrulhos de Natal. Muito contribuem para isso aquelas pessoas que compram vinte e seis embalagens de três Mon Cheri e, depois, pedem para embrulhar em embrulhos separados. Não satisfeitos com a sua dose cavalar de estupidez, ainda pegam numa caneta e escrevem o nome de cada uma das pessoas a quem vão dar a prenda. Não vá o avô abanar a caixa de Mon Cheri e partir tudo o que lá vai dentro. Alguns, não contentes com isso, resolvem entrar na categoria dos quadrúpedes que se queixam que o embrulho não está bonito. Como se a miúda que faz laços, e usa a fita-cola, tivesse obrigação de dar dignidade a uma prenda que custou dois euros e trinta cêntimos.

É como as garrafas de whisky e outros derivados alcoólicos. No Natal uma garrafa de whisky tem de ter uma caixa bonita à volta para fingir que aquela garrafa que custou onze euros no supermercado vale o mesmo que uma com 50 anos, de malte envelhecido em cascos de virgens escocesas canhotas. Na verdade, aquilo é apenas uma garrafa de VAT69 vulgaríssima vestida para domingo. Vamos lá ver uma coisa, se pegarmos num bêbedo de tasca e o enfiarmos dentro de um fato de metal com castelos escoceses ele não fica a parecer um artista conhecido que bebe uns copos.

Resumindo, por favor, parem de embrulhar prendas. É desperdício de papel e, acima de tudo, de tempo. Tapem os olhos às pessoas e ponham-lhes a prenda à frente. É surpresa na mesma e se uma pessoa já tem, e tem de ir trocar, escusa de estar ali a perder tempo a desembrulhar.

Além do mais, é muito mais fácil percebemos pela cara das pessoas se realmente gostaram. Aquele tempo, em que já sabemos o que é a prenda (e já percebemos que não nos agrada) mas ainda estamos a rasgar o papel é, normalmente, aproveitado para inventarmos uma mentira para dizer que vamos ter de trocar, e o Natal não deve ser sinónimo de hipocrisia. Vamos acabar com isso, está bem? Obrigado

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