Aureliano da Fonseca, médico dermatologista, profissão que exerceu até aos 99 anos de idade, um dos mais conceituados clínicos em Portugal, morreu no sábado passado, 16 de Janeiro, com 100 anos de idade.
Aureliano da Fonseca foi, em 1943, o primeiro profissional do país a ser reconhecido especialista em dermatologia pela Ordem dos Médicos. Natural do Porto, onde nasceu a 25 de Fevereiro de 1915, Aureliano da Fonseca licenciou-se pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto em 1940. Concluiu o doutoramento, também na mesma instituição, em 1960. Foi ainda na Faculdade de Medicina do Porto que iniciou a carreira de docente, em 1950, tendo ali leccionado até ao ano de 1977. Nesse ano rumou ao Brasil para dar aulas na Faculdade de Ciências Médica da Universidade de São Paulo, onde reorganizou o ensino de dermatologia e estruturou o Serviço daquela especialidade no Hospital Universitário.
Enquanto estudante, Aureliano da Fonseca foi também um dos principais responsáveis pela reactivação, em 1937, do Orfeão Universitário do Porto, instituição criada em 1912, apenas um ano após a criação da própria Universidade, mas que passou depois por um período de inactividade. Graças aos esforços de Aureliano da Fonseca e seus pares, o Orfeão Universitário do Porto acabaria por ressuscitar e continuar a sua actividade até aos dias de hoje. Uma ligação umbilical que Aureliano da Fonseca manteve durante toda a sua vida e que mereceu vários reconhecimentos públicos do Orfeão, o último dos quais em Abril de 2015.
Apaixonado por fotografia e música, Aureliano da Fonseca compôs temas emblemáticos do universo estudantil, com destaque para "Amores de Estudante", reconhecida como o hino dos estudantes, no Porto e em todo o país. Dedicou os últimos anos da sua vida a escrever as suas memórias e outros flashes de "uma vida a sentir". "Eu gosto muito de viver, e viver é viajar. Eu gosto de viajar na vida. Todo o mundo é belo quando olhamos para ele com necessidade e humildade", disse numa notável e inesquecível entrevista ao jornal de notícias da Universidade do Porto, em Abril de 2015.
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