terça-feira, 24 de março de 2015

Uma lista VIP com dez milhões de portugueses

.../...«vivemos num mundo onde cada computador, tablet ou smartphone conta, a quem saiba descodificá-los (e tanto pode ser a NSA norte-americana, o senhor Jorge Silva Carvalho ao serviço do SIED, um estudante esperto do Técnico ou um jornalista do News of The World), com quem comunicamos, com quem trabalhamos, com quem nos relacionamos.

Cada cartão multibanco, visa ou de compras regista para serviço do banco ou da cadeia de hipermercados aquilo que comemos e bebemos. Cada fatura informa o Estado das nossas rotinas. Cada exame médico informatiza-nos as doenças. Cada câmara de vigilância num centro comercial, num transporte público, num edifício de escritórios ou até em algumas ruas, guarda digitalmente a nossas caras para seguranças privados ou agentes da PSP se aborrecerem de morte.

Google, Facebook e os outros todos monitorizam-nos o ziguezague em banda larga para injetarem publicidade personalizada e, revelou Edward Snowden, ajudarem a espionagem norte-americana.

.../...Qual é a solução? Como podemos controlar quem pode "ler" a nossa vida pessoal? Que mecanismos teremos ao nosso alcance para fazê-lo? Como poderemos ter, cada um de nós, acesso a esses dados, para denunciar os abusos, para nos defendermos?

Em relação ao fisco e à Segurança Social proponho que toda a informação (mas mesmo toda) que o Estado tenha possa ser consultável, via internet, pelos respetivos titulares. Mais: de cada vez que alguém, seja quem for, consulte esses dados, se adicione o registo desse acesso para conhecimento exclusivo do contribuinte. Proponho, portanto, uma lista VIP com dez milhões de portugueses... A alternativa a isto é esta: desligar a eletricidade.»

(Excertos do artigo de opinião do jornalista Pedro Tadeu, intitulado "A discussão da lista VIP é um bocado estúpida?", publicada hoje no jornal "Diário de Notícias") 

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