sábado, 3 de janeiro de 2015

Nesta semana, Portugal foi o único país europeu em que subiu o preço da gasolina e do gasóleo

.../...«A tendência suicida do governo Passos Coelho foi revelada diversas vezes nestes quase quatro anos de mandato..../... Em ano de eleições julgava-se que existiria uma maior ponderação, mas parece ser algo que faz parte do ADN da maioria. 

Vem isto a propósito de uma das principais consequências da reforma da fiscalidade verde: o aumento dos combustíveis que provocou uma corrida aos postos de abastecimento antes do final do ano. Portugal conseguiu esta semana ser o único país europeu em que o preço da gasolina e do gasóleo subiu de forma abrupta, em vez de continuar a descer devido à queda acentuada do preço do petróleo. Verdade seja dita que a maior parte dessa subida se deve a José Sócrates e não a Passos Coelho. .../... boa parte do crescimento deve-se à contribuição do serviço rodoviário (CRS) – taxa criada em 2008 para financiar o pagamento das PPP rodoviárias de Sócrates. Mas cerca de 1,5 cêntimos dessa subida de 4 deve-se à reforma do ministro Jorge Moreira da Silva.

Provocar o aumento da gasolina e do gasóleo por via dos impostos quando o petróleo desce para mínimos de 2008, criar uma taxa de 8 cêntimos para o consumo de sacos plástico ou subir o preço das passagens aéreas pode parecer muito corajoso em nome do ambiente mas provocará mais insatisfação social, logo danos eleitorais à maioria. Aumentar o custo de vida depois de três anos de troika e a dez meses de novas eleições é, repete-se, uma tendência para o suicídio político. A fiscalidade verde é uma daquelas reformas que só devem ser feitas no ano em que o governo é eleito ou no ano seguinte – e não no último ano de mandato..../...

Não está em causa a defesa do ambiente. Ela é necessária e deve ser encorajada, mas não deve ser feita à custa da criação de novos impostos que possam prejudicar a recuperação económica.

Aumentar os combustíveis não só onera as famílias como aumenta os custos de contexto das empresas – e isso não é uma boa forma de aumentar a nossa competitividade. Transformar Portugal no país europeu com os impostos mais elevados sobre os combustíveis não faz com que passemos a ser um paraíso ecologista, como a Holanda, a Suécia ou a Dinamarca. Pela simples razão de que não temos a estrutura de transportes colectivos rodoviárias e principalmente ferroviários desses países e não temos a respectiva competitividade económica. Mas principalmente porque não temos a mesma cultura – uma eterna desilusão para todos os socialistas e social-democrata que teimam em fazer de Portugal um país escandinavo.» 

(Excertos do Editorial de Luís Rosa, director do "Jornal i", intitulado "A Escandinávia no Sul da Europa", publicado ontem nesse mesmo periódico)

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