«Afinal, o nome,
jogo de consolação, não foi mal apanhado. Só que aconteceu tarde, aos 95
minutos, com o apito final foi consolação, alívio, refrigério. Antes,
foi mais jogo de expiação. No começo, quase geral, via-se nas olheiras,
brasileiras e holandesas. Noites mal dormidas pelas asneiras cometidas
nos jogos anteriores, nas meias-finais, que os lançou fora do jogo a
sério que é o de hoje. Mais práticos, os holandeses - o escritor
português Rentes de Carvalho, que vive com eles há décadas, descreve-os
como aqueles que chocam de bicicleta, caem, levantam-se, pegam na
bicicleta e vão à vida sem se cumprimentar nem xingar -, os holandeses,
já que estavam ali, meteram golos e começaram ao minuto 2.
Temeu-se:
queres ver que nem é consolação nem jogo? Temeu-se que fosse treino,
aquilo que no boxe se chama sparring - será que o Brasil passou a gostar
de ser saco de pancada? Valeu-lhe que à falta de se jogar para nada, os
holandeses perceberam que também jogavam contra pouco e descansaram.
Todos perceberam, até o árbitro, argelino. Ali, em Mundial organizado
pelo Brasil, um brasileiro é derrubado em falta na grande área e...
recebe cartão amarelo. O Brasil anda a perder tudo, até o respeito de
todos. Entretanto, todos os convocados brasileiros, menos dois
guarda-redes, acabaram por jogar. Scolari pensa que é consolação. Não é,
é cadastro. Aposta desportiva: Brasil não volta a querer organizar um
Mundial neste século.»
(Artigo de opinião de Ferreira Fernandes, publicado hoje no jornal "Diário de Notícias)
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