Extractos do comunicado da Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos acerca de um projecto de despacho (Projecto de Despacho nº XXX 2014) do Ministério da Saúde:
.../...«O
Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos (CRNOM) não pode deixar
de manifestar o seu direito (ainda conservado) à indignação e revolta
contra aquilo que aparenta ser mais um atentado à dignidade dos médicos e
restantes profissionais do SNS.
Num
país em que o nível de corrupção e a falta de transparência são
considerados dos mais elevados a nível internacional, o ministro da
Saúde dissimuladamente vem a terreno propor um ‘código de ética no SNS’
que viola os valores e princípios subjacentes a um Estado de Direito
democrático.
Combater
a corrupção e os conflitos de interesse e defender os direitos dos
doentes não passa por montar um sistema nacional de recolha de livros,
vinhos, esferográficas, presuntos, galinhas, chocolates, ovos, tomates,
batatas, couves, chouriços, azeite, azeitonas, cerejas, … Ridículo,
patético e esclarecedor! De resto, as ofertas promocionais e os
conflitos de interesse já estão devidamente regulamentados.
E
porquê um ‘código de ética’ apenas para a saúde? E os outros
funcionários públicos, nomeadamente os detentores de cargos de gestão? E
os detentores de cargos políticos a nível nacional, regional e local? E
um código de ética que permita evitar os milhões de euros
‘desperdiçados’ entre os circuitos do poder? Ou será que só na saúde
existe este inusitado interesse em alimentar a falsa necessidade de
‘códigos de ética governamentalizados’. Será para esconder os graves
problemas da Saúde e a decadência do SNS actualmente em curso?
Construir
um ‘código de ética’ violando as normas éticas e deontológicas a que
estão obrigados os médicos é um atentado ao normal funcionamento das
instituições democráticas. Misturar a ‘defesa da transparência’ com a
‘lei da rolha’ à boleia de uma política de confidencialidade é
absolutamente aberrante, contraditório e agride a dignidade e os
direitos fundamentais das pessoas, consagrados na ‘Carta Internacional
dos Direitos Humanos’.
O
CRNOM está empenhado em continuar a defender as boas práticas médicas
consubstanciadas numa Medicina de qualidade e em cuidados de saúde de
excelência. É uma exigência que deve ser de todos os portugueses.
Lamentavelmente o Ministro da Saúde preocupa-se apenas com números, com
desprezo pela qualidade e pela humanização dos cuidados de saúde.
O
Ministro da Saúde deveria concentrar a sua atenção e as suas energias
em procurar oferecer condições minimamente aceitáveis para a formação e
actualização dos médicos, e melhorar as condições de trabalho
assistencial e de investigação no SNS.».../...
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