quinta-feira, 24 de abril de 2014

Gestor do doente «é uma completa aberração»

A propósito do já anteriormente mencionado relatório do grupo de trabalho nomeado pelo secretário de Estado Ajunto do ministro da Saúde que visa a integração de cuidados de saúde, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) publicou no passado dia 19, no seu portal, o seguinte comunicado intitulado "Gestor do doente: teoria mesclada de ignorância":

«O SIM teve conhecimento através da Comunicação Social de um relatório de um grupo de trabalho nomeado pelo SE Leal da Costa visando a integração de cuidados de saúde. Desse grupo de personalidades, ligadas à Escola Nacional de Saúde Pública, sobressai ainda a participação do presidente da APMGF.

A proposta de criação de 7.500 “gestores do doente” e a sua fundamentação, bebida nas experiências americanas (que nem sequer sabem o que é um Médico de Família), para além de revelar uma confrangedora ignorância da realidade dos Cuidados de Saúde Primários em Portugal, é uma completa aberração.

Aquilo que se apregoa serem as funções do “Gestor”, em tom laudatório como sendo uma brilhante inovação, há muito fazem parte do conteúdo funcional do Especialista em Medicina Geral e Familiar, explicitadas na legislação geral e nos documentos da contratação colectiva. É certo que a pressão para que os Médicos de Família se transformem em codificadores e indicadorologistas é cada vez maior, roubando-lhes tempo para mais e melhor actuarem como provedores do doente, mas tal função continua a ser uma das suas maiores preocupações diárias.

Pretender-se-á criar porventura alguns jobs for the boys ou quiçá efectuar uma desnatação dos doentes mais problemáticos e com multipatologias, invadindo competências e pisando o risco do segredo e responsabilidade profissional.

O SIM não pode deixar de lamentar que o presidente da APMGF, ainda que há muito afastado da sobrecarga diária das unidades prestadoras de cuidados de saúde primários do SNS, subscreva esta aberrante proposta, e que o SE Leal da Costa submeta esta pérola do disparate a um processo de consulta pública em vez de a remeter discretamente para o sítio que merece.»

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