A propósito do já anteriormente mencionado relatório
do grupo de trabalho nomeado pelo secretário de Estado Ajunto do
ministro da Saúde que visa a integração de cuidados de saúde, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) publicou no passado dia 19, no seu portal, o seguinte comunicado intitulado "Gestor do doente: teoria mesclada de ignorância":
«O SIM teve conhecimento através da
Comunicação Social de um relatório de um grupo de trabalho nomeado pelo
SE Leal da Costa visando a integração de cuidados de saúde. Desse grupo
de personalidades, ligadas à Escola Nacional de Saúde Pública, sobressai
ainda a participação do presidente da APMGF.
A proposta de criação de 7.500 “gestores
do doente” e a sua fundamentação, bebida nas experiências americanas
(que nem sequer sabem o que é um Médico de Família), para além de
revelar uma confrangedora ignorância da realidade dos Cuidados de Saúde
Primários em Portugal, é uma completa aberração.
Aquilo que se apregoa serem as funções
do “Gestor”, em tom laudatório como sendo uma brilhante inovação, há
muito fazem parte do conteúdo funcional do Especialista em Medicina
Geral e Familiar, explicitadas na legislação geral e nos documentos da
contratação colectiva. É certo que a pressão para que os Médicos de
Família se transformem em codificadores e indicadorologistas é cada vez
maior, roubando-lhes tempo para mais e melhor actuarem como provedores
do doente, mas tal função continua a ser uma das suas maiores
preocupações diárias.
Pretender-se-á criar porventura alguns jobs for the boys
ou quiçá efectuar uma desnatação dos doentes mais problemáticos e com
multipatologias, invadindo competências e pisando o risco do segredo e
responsabilidade profissional.
O SIM não pode deixar de lamentar que o
presidente da APMGF, ainda que há muito afastado da sobrecarga diária
das unidades prestadoras de cuidados de saúde primários do SNS,
subscreva esta aberrante proposta, e que o SE Leal da Costa submeta esta
pérola do disparate a um processo de consulta pública em vez de a
remeter discretamente para o sítio que merece.»
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