«A sala de refeições da Casa Santa Marta, outrora com pouco movimento, agora está sempre cheia. As mesas raramente têm lugares livres, desde que Francisco optou por viver na famosa casa de hóspedes do Vaticano. É que, entre os comensais, está o próprio Papa. Ao lado do refeitório principal, há uma sala reservada para convidados especiais, mas, na maioria dos casos, Francisco prefere tomar as refeições na sala grande, junto dos outros hóspedes.
A mesa do Papa é sempre a mesma e está colocada a um canto da sala, mas já aconteceu o sucessor de Pedro sentar-se de surpresa num lugar vago de outra mesa, conversando de surpresa e animadamente com os outros comensais. O serviço, tipicamente italiano, inclui primeiro e segundo pratos, mas - tal como os outros hóspedes - Francisco levanta-se para ir ao buffet servir-se de salada e outros acompanhamentos e, sempre que passa entre as mesas, não resiste e mete conversa com quem está sentado.
Quem vive na Casa Santa Marta garante que o clima é muito cordial e bem disposto. Mas os homens da segurança têm agora mais dores de cabeça, porque a rotina não encaixa no “estilo Bergoglio” e, por isso, nunca se sabe o que pode acontecer.
Há dias, durante o pequeno-almoço, o Papa não estava na sua mesa habitual nem em qualquer outro lado. Começou a gerar-se agitação, com vários homens de fato escuro enervados a passar revista a toda a casa. Onde estava o Papa? Onde se teria metido? Toda a gente foi interrogada, a casa passada a pente fino, mas... nada... Após uns valentes minutos de angústia, descobriram-no, finalmente. Bergoglio caminhava pelo jardim, com passada decidida e um saco de papel na mão. Quando, finalmente, os homens da segurança lhe falaram do susto provocado pela sua ausência inesperada, Francisco riu-se e explicou que ia ao mosteiro Mater Ecclesia, onde vive Bento XVI, levar-lhe uns croissants mornos, “acabadinhos de fazer, como ele gosta”.».../...
(Excerto do artigo da autoria da jornalista Aura Miguel, publicado no jornal online "página1" de hoje)
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