
O argumento a favor de uma selecção diferente é que as qualidades
exigidas a quem quer ser um bom aluno e mais tarde um bom médico não se
limitam ao que se aprende nos livros. António Vaz Carneiro, professor da
Universidade de Medicina de Lisboa, diz que essa é a parte simples do
problema. A complexa é que, se Medicina tem 1517 e a média mais alta, é
por ser o mais procurado. "Ninguém sabe ao certo quantos candidatos
temos, mas são sempre milhares. Isso criaria sempre um problema de
selecção. Podemos experimentar vários modelos, mas ficámo-nos pela nota.
É o processo que temos, longe de ser o ideal. É possível mudar mas
seria caro. Quantos avaliadores, psicólogos e analistas seriam
precisos?"
.../... José Manuel Silva, bastonário dos médicos, é o mais reticente: incluir
avaliação ou entrevista mais psicológica introduziria um grau de
subjectividade que poderia tornar o sistema permeável, avisa. Mas ficar
de fora por uma décima não é igualmente subjectivo? "Extremamente. Mas
como é que um teste psicológico vai ultrapassar a subjectividade de uma
décima? Têm seis anos de formação inicial em que é possível sinalizar
dificuldades, caso existam", defende. E os problemas de comunicação ou
atitude, de que se queixam os doentes? "Existem diferentes
personalidades e sabemos que isso pode gerar conflitos, mas a boa
prática é chamar-se a atenção. Se fôssemos seleccionar os jovens pelos
melhores comunicadores teríamos uma medicina de banha de cobra."»
(Excertos do artigo de Marta F. Reis, publicado no jornal "ionline" de hoje)
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