.../...«A Política já não é o reino longínquo dos ministros com motorista, ou dos secretários protegidos por secretárias, ou dos deputados fechados numa torre de cristal (onde às vezes irrompem cânticos de rua). Passa a ser o regime de prestação de contas, exemplar e atempada, da transparência e da ligação directa, vigiada, de representados a representantes.
Nem todos gostam disto. Ainda se chega à "porca da política" (como retratava Raphael Bordallo Pinheiro, em 1900) com ilusões de estatuto, benesse, domínio e superioridade. Mas em Estados cada vez menos soberanos nas decisões essenciais, e com orçamentos cada vez mais diminutos, e com massas cada vez mais impacientes, e com polícias cada vez mais cépticos na repressão "exemplar" do descontentamento, a "classe dirigente" ou se recicla e reforma, aprendendo novas regras, ou se arrisca a reinar sobre o nada. Ou do cárcere.»
[Excerto do artigo de opinião do politólogo Nuno Rogeiro, intitulado "(Co)Ligações perigosas", publicado na rubrica "Relatório minoritário" revista "Sábado" n.º 472 - 16 a 22 de Maio de 2013]
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