«Se os gregos aguentam uma queda do PIB de 25% os portugueses não aguentariam porquê? Somo todos iguais, ou não?»
«Se você andar aí na rua e infelizmente encontramos pessoas que são
sem-abrigo, isso não lhe pode acontecer a si ou a mim porquê? Isso
também nos pode acontecer»
«E se aquelas pessoas que nós vemos ali na rua, naquela situação a
sofrer tanto, aguentam, porque é que nós não aguentaríamos? Parece-me
uma coisa absolutamente evidente»
(Fernando Ulrich, presidente do BPI, durante a apresentação pública dos resultados do Banco em 2012)
.../...«Quem é o senhor Ulrich para definir o que um português, um grego ou um sem-abrigo aguenta?
É por acaso grego ou sem-abrigo? Segundo sei, é português e não me
parece que passe, ou tenha alguma vez passado, dificuldades ou vivido
num banco de jardim. E quando o seu banco as passa tem o Estado
português a salvar-lhe a pele (1,5 mil milhões de euros de ajuda no
Verão passado) e a passar-lhe pó de talco no rabiosque para que este não
fique com a pele "austera". Ou seja, aguentam os portugueses mais
austeridade para lhe ouvir a seguir os disparates. E, suprema ironia, no
mesmo dia em que apresenta lucros milionários, fala como se a crise não
tivesse a génese nas tropelias financeiras de meia dúzia de banqueiros.
E como se a austeridade, para ele, não fosse parte da cura.».../...
(Excerto do post de Tiago Mesquita em "100 Reféns", publicado no jornal "Expresso" online de hoje)
.../...«Por cá, o mesmo banqueiro que se estava a afundar (parece que tinha
comprado demasiada dívida grega) e que disse que os portugueses
"aguentam" mais austeridade, recebeu dinheiro de um empréstimo que somos
nós todos que vamos pagar, apresentou lucros excelentes e até vai
comprar, imagino que com o nosso próprio empréstimo, dívida nacional. Ou
seja, empresta ao Estado o que é do Estado e cobra juros. Porque nós aguentamos.»
(Excerto do post de Daniel Oliveira em "Antes pelo contrário", publicado no jornal "Expresso" online de hoje)
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