sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

As "bocas" do senhor Ulrich e os lucros do BPI

«Se os gregos aguentam uma queda do PIB de 25% os portugueses não aguentariam porquê? Somo todos iguais, ou não?»

«Se você andar aí na rua e infelizmente encontramos pessoas que são sem-abrigo, isso não lhe pode acontecer a si ou a mim porquê? Isso também nos pode acontecer»

«E se aquelas pessoas que nós vemos ali na rua, naquela situação a sofrer tanto, aguentam, porque é que nós não aguentaríamos? Parece-me uma coisa absolutamente evidente»

(Fernando Ulrich, presidente do BPI, durante a apresentação pública dos resultados do Banco em 2012)


.../...«Quem é o senhor Ulrich para definir o que um português, um grego ou um sem-abrigo aguenta? É por acaso grego ou sem-abrigo? Segundo sei, é português e não me parece que passe, ou tenha alguma vez passado, dificuldades ou vivido num banco de jardim. E quando o seu banco as passa tem o Estado português a salvar-lhe a pele (1,5 mil milhões de euros de ajuda no Verão passado) e a passar-lhe pó de talco no rabiosque para que este não fique com a pele "austera". Ou seja, aguentam os portugueses mais austeridade para lhe ouvir a seguir os disparates. E, suprema ironia, no mesmo dia em que apresenta lucros milionários, fala como se a crise não tivesse a génese nas tropelias financeiras de meia dúzia de banqueiros. E como se a austeridade, para ele, não fosse parte da cura.».../...

(Excerto do post de Tiago Mesquita em "100 Reféns", publicado no jornal "Expresso" online de hoje)

.../...«Por cá, o mesmo banqueiro que se estava a afundar (parece que tinha comprado demasiada dívida grega) e que disse que os portugueses "aguentam" mais austeridade, recebeu dinheiro de um empréstimo que somos nós todos que vamos pagar, apresentou lucros excelentes e até vai comprar, imagino que com o nosso próprio empréstimo, dívida nacional. Ou seja, empresta ao Estado o que é do Estado e cobra juros. Porque nós aguentamos.» 

(Excerto do post de Daniel Oliveira em "Antes pelo contrário", publicado no jornal "Expresso" online de hoje)

Sem comentários: