sexta-feira, 2 de novembro de 2012

O PS e a proposta "refundação" de Passos Coelho

.../...«Os programas eleitorais do PSD e do CDS são claros ao referirem a excessiva dimensão do Estado e a necessidade de reduzir a despesa pública para o “limite das possibilidades financeiras do país”. Como pode ser feita tal redução sem se mexer nas despesas sagradas da Educação, Saúde e Segurança Social – responsáveis por mais de 60% da despesa pública?

Acresce que os portugueses foram chamados às urnas em 2011 com uma programa de assistência financeira negociado e assinado por um governo socialista (com o apoio do PSD e do CDS), no qual a República obrigou-se a reduzir a despesa pública. Tal acordo foi sufragado por mais de 75% dos eleitores que votaram no PSD, PS e CDS e a maioria foi precisamente eleita para aplicar esse acordo. Qual é a falta de legitimidade política? Desejarão Pedroso e os seus camaradas uma maioria albanesa de 90%?

A proposta de “refundação” de Passos Coelho – a tal que motiva toda esta ansiedade do PS – pretende aplicar um princípio simples do Memorando: o ajustamento terá de ser feito através de dois terços do lado da despesa pública e o remanescente do lado da receita.

O PS não pode ir a reboque da esquerda radical e promover uma crise política que leve à queda do governo. Não é possível António José Seguro ser contra o “aumento brutal de impostos” presente no Orçamento de Estado de 2013 e, ao mesmo tempo, recusar a reforma do Estado, por o primeiro-ministro ter convidado os socialistas em público, em vez de o fazer em segredo. O PS não deve refugiar-se em questões formais para recusar participar na construção de um Estado Social sustentável. Os eleitores flutuantes que decidem as maiorias absolutas do PSD e do PS não compreenderiam essa decisão de Seguro.

O país não precisa de instabilidade política. É necessário um acordo de regime para salvar o Estado Social, como ontem defendia Francisco Assis. Mas esse acordo terá de ser feito durante este ciclo político. Eventuais eleições antecipadas levarão a uma perda de tempo, a uma divisão no eleitorado (e a um reforço da esquerda radical anti-troika) que só prejudicará Portugal. Além do mais, alguém acredita que o PS aplicará uma política diferente do PSD/CDS?»

(do editorial do jornalista Luís Rosa, no jornal "i" online de hoje)

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