.../...«Os
programas eleitorais do PSD e do CDS são claros ao referirem a excessiva
dimensão do Estado e a necessidade de reduzir a despesa pública para o
“limite das possibilidades financeiras do país”. Como pode ser feita tal
redução sem se mexer nas despesas sagradas da Educação, Saúde e
Segurança Social – responsáveis por mais de 60% da despesa pública?
Acresce que os portugueses foram chamados às urnas em 2011 com uma
programa de assistência financeira negociado e assinado por um governo
socialista (com o apoio do PSD e do CDS), no qual a República obrigou-se
a reduzir a despesa pública. Tal acordo foi sufragado por mais de 75%
dos eleitores que votaram no PSD, PS e CDS e a maioria foi precisamente
eleita para aplicar esse acordo. Qual é a falta de legitimidade
política? Desejarão Pedroso e os seus camaradas uma maioria albanesa de
90%?
A proposta de “refundação” de Passos Coelho – a tal que motiva toda
esta ansiedade do PS – pretende aplicar um princípio simples do
Memorando: o ajustamento terá de ser feito através de dois terços do
lado da despesa pública e o remanescente do lado da receita.
O PS não pode ir a reboque da esquerda radical e promover uma crise
política que leve à queda do governo. Não é possível António José
Seguro ser contra o “aumento brutal de impostos” presente no Orçamento
de Estado de 2013 e, ao mesmo tempo, recusar a reforma do Estado, por o
primeiro-ministro ter convidado os socialistas em público, em vez de o
fazer em segredo. O PS não deve refugiar-se em questões formais para
recusar participar na construção de um Estado Social sustentável. Os
eleitores flutuantes que decidem as maiorias absolutas do PSD e do PS
não compreenderiam essa decisão de Seguro.
O país não precisa de instabilidade política. É necessário um acordo
de regime para salvar o Estado Social, como ontem defendia Francisco
Assis. Mas esse acordo terá de ser feito durante este ciclo político.
Eventuais eleições antecipadas levarão a uma perda de tempo, a uma
divisão no eleitorado (e a um reforço da esquerda radical anti-troika)
que só prejudicará Portugal. Além do mais, alguém acredita que o PS
aplicará uma política diferente do PSD/CDS?»
(do editorial do jornalista Luís Rosa, no jornal "i" online de hoje)
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