«A directora-executiva do ACES de Cascais, Helena Costa, diz ser
essencial a limpeza das listas dos médicos de família a nível nacional.» (do "Jornal de Negócios" online de 2012.05.06)
A falácia já é velha. E trata-se de uma falácia porque aquelas pessoas que não "utilizam" os médicos de família, já estão de facto, por essa mesma atitude, a dar lugar àqueles que os consultam. Mas esta medida tem sido ciclicamente anunciada ou preconizada e mesmo, algumas vezes, iniciada em número reduzido de unidades do SNS.
Se por "limpeza" das listas dos médicos de família se entende a eliminação das inscrições dos utentes já falecidos ou das pessoas inscritas indevidamente (utentes com mais do que um número de inscrição no SNS, utentes que permanecem inscritos numa unidade de saúde quando já se inscreveram noutra, etc.), nada haverá a contestar.
Se, pelo contrário, a "limpeza" das listas se refere à eliminação, crua e dura, dos inscritos numa determinada unidade de saúde, apenas por não terem recorrido aos respectivos serviços num período de tempo mais ou menos prolongado, aí estar-se-á a adoptar uma medida claramente injustificada, perigosa e provavelmente até inconstitucional. E não será demais lembrar que muitos daqueles utentes do SNS que têm até agora optado pela medicina privada, poderão vir a ter que regressar às unidades de saúde onde continuam, e bem, inscritos, face às crescentes dificuldades económicas com que se têm confrontado ultimamente.
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