sábado, 12 de março de 2011

"A austeridade e o pântano"

Aqui está expresso o que muitos portugueses também já haviam concluído. O artigo de opinião, publicado no jornal "Diário Económico" de 2011.03.12 é da autoria do seu director, António Costa:

«“Há limites para os sacrifícios que se podem pedir aos cidadãos”. A afirmação é de Cavaco Silva, em jeito de aviso a José Sócrates, mas o primeiro-ministro respondeu, 48 horas depois, com um novo choque de austeridade, brutal, com mais impostos e mais cortes na despesa. E menos credibilidade. Estamos, mesmo, presos no pântano.
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José Sócrates pede confiança e diz que o que importa é convencer toda a gente - os investidores e, presume-se, os contribuintes portugueses - de que o Governo vai fazer tudo o que tem de fazer para cumprir as metas de défice e dívida já este ano e seguintes. Está a fazê-lo, mas está a fazê-lo mal, sem consistência e de forma reactiva. Por isso, assalta-nos uma questão: será que ‘toda a gente' vai ser convencida, em função das sucessivas revisões dos planos de austeridade, e de mais e mais sacrifícios? Quando é que ‘isto' pára?

Os portugueses estão cansados de viver no ‘pântano'. E, para sair dele, só há uma solução: eleições antecipadas. Porque a estabilidade, como se viu nos últimos doze meses, não é nem pode ser um fim em si mesmo. A estabilidade é necessária, até ao momento em que não é, ela própria, um factor de instabilidade.

A realização de eleições legislativas no curto prazo não fará desaparecer os problemas nem a urgência de medidas de austeridade, estas e, provavelmente, outras. Mas as eleições tornariam claro, e reforçariam a legitimidade, de quem vai ter de executar este plano. Sócrates ou Passos Coelho. Para sairmos do pântano.»

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