sábado, 7 de maio de 2016

Zona Wi-Fi será de facto ameaça para a Saúde?

A propósito de um artigo publicado, com grande destaque, na revista "VISÃO" N.º1207, do período de 21/4 a 27/4/2016, intitulado "Zona Wi-Fi: Ameaça para a Saúde", surgiram várias reacções entre as quais há que salientar aquela que, pelo conteúdo largamente fundamentado, pela origem (CONCEPT - Comunidade Céptica Portuguesa), e pelas pessoas que a subscrevem, deve ser considerada. Eis um excerto:

.../... «O artigo em causa merece várias críticas por quatro motivos: contém erros técnico-científicos; apresenta um grande desequilíbrio entre as opiniões de especialistas e de leigos; não tem em conta as evidências científicas actuais; e apresenta-se com um carácter sensacionalista.


Começando pelo aspecto sensacionalista e alarmista da reportagem, este está patente desde logo na capa da revista com a seguinte afirmação “Zona Wi-Fi: Ameaça para a Saúde”. Logo abaixo surge outra afirmação: “As ondas eletromagnéticas estão por todo o lado e cientistas acreditam que podem causar danos”. Qualquer leitor que se depare com esta capa vai reter que a tecnologia Wi-Fi é perigosa para a saúde e que tal é um facto que reúne o consenso científico. Ora, tais afirmações taxativas não poderiam estar mais longe dos factos científicos que conhecemos: não está demonstrado que as radiações electromagnéticas usadas, quer na tecnologia Wi-Fi quer nos telemóveis, sejam perigosas para a saúde humana; o consenso científico aponta precisamente na direcção oposta à que é dada a entender na capa.

Sobre a Hipersensibilidade à Radiação Electromagnética (EHS), diz a autora do texto que a doença não é consensual internacionalmente por não haver provas científicas. Mas após reconhecer estes factos, parece deixar na dúvida os leitores, dando a entender que poderá existir uma relação causal com testemunhos pessoais e “conselhos” sobre como reduzir a exposição às ondas electromagnéticas. Em nenhum ponto da peça é indicado que existem vários estudos científicos disponíveis sobre a EHS e que a generalidade das revisões sistemáticas não encontrou nenhuma ligação directa entre os campos electromagnéticos e a EHS. Adicionalmente, em condições devidamente controladas, os doentes com EHS não conseguem sequer saber se estão ou não a ser expostos a radiações electromagnéticas (ver estudos abaixo). Tudo isto sugere que a EHS seja na realidade uma condição psicossomática com base em efeitos nocebo, isto é, os sintomas dos doentes, apesar de reais e debilitantes, não são causados pelos campos electromagnéticos, mas antes, pela crença dos pacientes de que 1) estão expostos a campos electromagnéticos e 2) que esses campos electromagnéticos são perigosos.

Como ponto positivo, reconhecemos que a autora contactou alguns especialistas (médicos e engenheiros). No entanto, colocou ao mesmo nível os factos apresentados pelos especialistas e as opiniões dos leigos, como se tivessem o mesmo peso, e deixando os leitores na dúvida sobre as consequências para a saúde advindos da radiação dos aparelhos sem-fios.»
.../... (continuar a ler aqui)

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