Com a devida vénia, eis a opinião de Manuel Cardoso acerca da questão das obras de arte a cargo do Ministério da Cultura, cujo paradeiro é desconhecido. A crónica, publicada a 4 do corrente mês, tem como título original "Confundir a obra-prima do Mestre com a prima que ficou com as obras lá em casa",
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Há quem encontre arte contemporânea onde não ela não existe. O Ministério da Cultura não encontra a arte contemporânea que efetivamente existe.

Graça Fonseca já acalmou as hostes. As obras não estão perdidas. Precisam é de “uma localização mais exata”. Em princípio, estão em Portugal. Pelo menos na Península Ibérica devem estar. Vá, cingimos a procura ao continente europeu. Enfim, talvez estejam pela Euroásia. Em última análise, estão no hemisfério norte. Garantidamente, acima do Trópico de Capricórnio. Ok, estão no Mundo. Até à cintura de asteroides é certo que as encontramos. Basta procurarmos no Sistema Solar. Não custa nada ver na Via Láctea toda. Já que aqui estamos, vemos o Grupo Local. Seria imprudente não calcorrear toda a Laniakea. Pronto, não tem problema, só nos falta ver no Universo observável.
O Ministério da Cultura empresta obras. Só devia emprestar obras que tivessem um V de Van Gogh na ponta. É estranho que um ministério que é da Cultura não conheça os procedimentos deste tipo de empréstimos. Todos sabemos que se emprestamos um livro a um amigo, o melhor é dá-lo como perdido. Neste caso acontece a mesma coisa, só que com Júlios Pomares. Esqueça, Graça Fonseca, mais vale conformar-se com a imparidade. Não houve um incêndio como no ano passado aconteceu no Brasil, mas a verdade é que o Ministério da Cultura vai ficar a arder.
Talvez o Ministério da Cultura não saiba cuidar das suas obras e tenha de adotar a política de empréstimos dos clubes. Olhem para o Jovic que vai para o Real Madrid: o Benfica ainda fez bom dinheiro com um ativo estava na prateleira. Porventura o que o Estado tem de fazer é emprestar Vieiras da Silva com opção de compra e percentagem num futuro leilão na Christie’s.»
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