A Organização Mundial de Saúde (OMS) trouxe para a ribalta o problema do burnout (exaustão laboral extrema) ao dar-lhe relevo durante o anúncio da aprovação da 11ª revisão da sua lista de doenças e problemas de saúde. Foi na semana passada, no final da assembleia da OMS, e os media apressaram-se a anunciar, com estrépito, que o burnout já era considerado uma doença.
Afinal não é. É um “fenómeno relacionado com o trabalho” e só com o trabalho, esclareceu a organização das Nações Unidas, sublinhando que os media não compreenderam a mensagem transmitida no final da assembleia que aprovou a nova International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems (ICD-11). Foi um “mal-entendido que conduziu a uma informação incorrecta divulgada pelos media”, precisou, por escrito ao jornal "Público", o porta-voz da OMS Tarik Jasarevic.
Na nova classificação de doenças e problemas de saúde que serve de referência a nível mundial e que entrará em vigor em Janeiro de 2022, o complexo fenómeno que alguns traduzem como “queimar até à exaustão” surge mais detalhado no capítulo dos “Factores que influenciam o estado de saúde ou o contacto com serviços de saúde”. Aí, é definido como “uma síndrome” que “resulta de stress crónico no local de trabalho que não foi gerido com sucesso”. E inclui três dimensões: falta de energia ou exaustão, distanciamento mental, negativismo ou cinismo em relação ao trabalho, e, por último, decréscimo da realização profissional e da produtividade.
A diferença em relação à classificação anterior (na ICD-10 o burnout já aparecia descrito como “exaustão vital”) é que agora a definição é “mais detalhada”, especifica a OMS no comunicado que emitiu para desfazer o mal-entendido. Mas a organização está de tal forma preocupada com a dimensão que o fenómeno está a tomar que anunciou que tem em curso a definição de linhas de orientação (guidelines) para a organização de locais de trabalho saudáveis.
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