sábado, 16 de dezembro de 2017

Ainda a propósito da grande família socialista

Com a merecida vénia, eis um artigo de opinião da autoria de João Gomes de Almeida, intitulado "A grande família socialista", publicado ontem no "Jornali",

«Os portugueses estão habituados a viver com políticos incompetentes, sem mundo, mais ou menos ignorantes, com pouca cultura, e que a única forma que arranjaram na vida de ganhar dinheiro é através da política ou dos contactos que conseguiram na política. Vivemos conformados com esta realidade e sabemos que dificilmente a mesma irá mudar.

O povo português despreza o empresário de sucesso que construiu a pulso a sua empresa, mas adora viajar no autocarro da junta de freguesia para ir à festa partidária, onde vai aplaudir o político que nunca ganhou um único euro fora da máquina do Estado. O primeiro é um “explorador” que enriquece à custa do povo, o segundo é um tipo de sorriso simpático que ainda oferece umas sandes de porco no espeto e umas taças de vinho manhoso.

A escandalosa apropriação da máquina do Estado por parte da oligarquia socialista e a forma como o povo reage com indiferença a este tema são a mais evidente prova de que já estamos habituados a que nos vão ao bolso e que já reagimos de forma pacífica a tudo que se passa no mundo político português. É mau, sempre foi e estamos habituados a viver assim.

É absolutamente incompreensível que António Costa se ache no direito de encher o governo com familiares de amigos seus, amigos dos amigos e familiares dos colegas de partido. É ultrajante para a democracia que na ceia de Natal da família Vieira da Silva não exista uma única lasca de bacalhau, um único copo de vinho, presente, ou fatia de bolo-rei que não tenha sido pago através dos nossos impostos. Mas este, infelizmente, não é caso único: o mesmo acontecerá na casa dos Cabritas, dos Zorrinhos e dos Césares. Mas quantos mais destes exemplos existirão? Quantas destas histórias “raríssimas” estão por contar?

Nunca como hoje, nem mesmo no Estado Novo, o nosso país viveu num ambiente de tal nepotismo. Estamos hoje, no que à legitimação dos nossos governantes diz respeito, mais próximos das repúblicas centro-africanas do que propriamente dos restantes países europeus.

Não há nenhuma democracia saudável que possa viver aprisionada em oligarquias familiares. Esta situação é perigosa e devia ser fortemente escrutinada pela opinião pública. O caso de Vieira da Silva é apenas mais uma história de alguém que vive na dependência económica do poder: ele, a mulher e a filha. Todos eles a viverem à nossa conta.

Esta não é uma questão de esquerda ou direita e está longe de ser uma questão partidária. Esta é simplesmente uma questão de dignidade e de vergonha na cara. Está na hora de o Presidente da República tomar uma atitude.»

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