A crónica já tem mais de um mês, foi publicada na revista "Sábado" do passado dia 19 de Julho. Mas a realidade nela retratada mantém-se e irá continuar. Infelizmente... A devida e merecida vénia ao seu autor, Alexandre Pais,
«A Ribeira e os turistas»
«Adoro o Porto, onde vou três ou quatro vezes por ano só para desfrutar da cidade. Mas há muito que não viajava para lá no verão, pelo que desta feita apanhei um choque.
Beneficiando talvez como só Lisboa do boom salvador, a Invicta sofre também com a outra face da moeda: a da descaracterização da cidade. Descer à Ribeira por estes dias de calor é um pouco mergulhar no caos: esplanadas – ao monte e a abarrotar – pouco cuidadas e com um péssimo serviço, restaurantes de um nível que piora à medida que nos aproximamos do rio, viaturas por todo o lado – mesmo em locais de trânsito proibido e onde nada justifica que permaneçam – ruas sujas de tanta gente e de tanto desprezo pela harmonia social, demasiados turistas de pé descalço – por certo os que mais desrespeitam a limpeza e as regras de urbanidade.
Ainda há dias, Álvaro Covões dizia numa entrevista que "todo este milagre económico se deve ao turismo", pelo que, acrescento eu, nos tornámos reféns dele.
Rui Moreira já fez aprovar uma taxa turística de dois euros por visitante, uma medida certa mas curta, que não devolve ao Porto tudo o que é destruído pelo crescimento desordenado de uma atividade que salva a economia do país mas nos deixa seus prisioneiros, sentenciados a uma falta de qualidade de vida aterradora.»
Sem comentários:
Enviar um comentário