quinta-feira, 13 de abril de 2017

Samuel Beckett

A Vida é um Hábito


«O hábito é o balastro que prende o cão ao seu vómito. Respirar é um hábito. A vida é um hábito. Ou melhor, a vida é uma sucessão de hábitos, porque o indivíduo é uma sucessão de indivíduos [...] «Hábito» é pois o termo genérico para os inúmeros contratos celebrados entre os inúmeros sujeitos que constituem o indivíduo e os seus inúmeros objectos correlativos. Os períodos de transição que separam as consecutivas adaptações [...] representam as zonas perigosas na vida do indivíduo, perigosas, penosas, misteriosas e férteis, em que, por um momento, o tédio de viver é substituído pelo sofrimento de ser.»

(Samuel Beckett, em "À espera de Godot")


Samuel Barclay Beckett, romancista e dramaturgo irlandês, nasceu a 13 de Abril de 1906 na cidade de Dublin.

Em 1923 Samuel Beckett ingressou no Trinity College de Dublin, para se formar em Literatura Moderna, especializando-se em francês e italiano. Em 1928, meses após a sua mudança para Paris, conheceu James Joyce, apresentado por um amigo em comum. Tornou-se grande admirador do escritor e a sua obra posterior foi fortemente influenciada por ele.

Beckett escreveu indistintamente em inglês e em francês. "Murphy", escrito em 1938, foi o primeiro dos seus romances. Nele explora a impotência e a alienação da consciência individual contemporânea.

As personagens beckettianas, que tendem para a imobilidade e para o silêncio, reduzem-se gradualmente à condição de objectos. Escreve numa linguagem fragmentária, de tom irónico e distante. A sua obra de maior êxito, "À espera de Godot" ("En attendant Godot"), de 1952, é considerada uma obra-prima do teatro do absurdo.

Samuel Beckett recebeu o "Prémio Nobel da Literatura" em 1969.

Beckett morreu em Paris, a 22 de Dezembro de 1989, vítima de enfisema pulmonar, contra o qual lutava havia já três anos. Foi sepultado no cemitério de Montparnasse.

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