quinta-feira, 3 de novembro de 2016

A propósito da "Web Summit" em Lisboa

O editoria de ontem do "Jornali", com o título "As tontices das startups e a questão do mindset", da autoria de Vítor Rainho, com a merecida vénia:

«Ao longo dos tempos vão surgindo umas modernidades que mais não são do que conversa para papalvos, como se dizia na minha terra. Não há muitos anos, não havia bicho-careta com pretensões de ser modernaço que não usasse, por tudo e por nada, termos como mindset para falar de mentalidade; key people para pessoa- -chave; assets como ativos; budget para orçamento; e goals como objetivos. Ao cúmulo desta tontice e falta de autoestima – alguém imagina os espanhóis a irem atrás destas modernices? – assisti numa reunião em que se falava da riqueza da lusofonia, e os termos ingleses sucediam-se a uma ritmo impressionante, calculo que debitados por algum headhunter, que é como quem diz caça-talentos. Felizmente que essas palermices desapareceram de circulação, mas entraram outras.

A palavra que mais me irrita, no bom sentido, já que faz rir, é startup, ou, na língua de Camões, negócio. Vamos abrir não sei quantas startups, diz-se a cada segundo que passa. Mas por que raio é assim tão difícil explicar que se querem abrir negócios, na maioria dos casos, com ligação à net? O que também é outra coisa extraordinária: alguém abre o que quer que seja sem ter email, um site e por aí fora?

Na próxima semana vamos ter uma quantidade enorme de gurus que vão discutir na famosa Web Summit, um encontro das empresas com ligações ao digital, os segredos dos seus negócios. Por mil euros, muitos incautos vão ouvir banalidades que estarão completamente desatualizadas daqui a um ou dois anos. Como é óbvio, no futuro é preciso criar uma nova tendência. Não digo que não se aprenda alguma coisa nessas “missas” modernas, mas que saia daí o segredo para o sucesso dos negócios é de rir. As pessoas adoram sentir que estão na linha da frente e que quem não compreende essa nova linguagem é um parolo. Como dizia o outro, não é triste fazer figura de palhaço, triste é fazê-la sem o saber.

É preciso é ter mindset!»

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