sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Laranja à noite faz bem. Os cereais são inúteis...

O 3.º Congresso Europeu de Nutrição Funcional vai reunir, em Lisboa, especialistas em nutrição funcional, de todo o mundo, para partilhar conhecimentos e alertar para  questões cruciais de saúde.

Vão estar em debate vários temas alimentares, destacando-se alguns que contrariam ideias enraizadas na sociedade, como é o caso do painel subordinado ao tema "afinal devemos comer laranja ao deitar, entre outros alimentos amigos do sono", que deita por terra o provérbio "laranja de manhã é ouro, à tarde é prata e à noite mata".


Pedro Bastos, investigador português, responsável pela organização do congresso, explica que, resultando de observações casuais e de informações transmitidas de forma oral, os provérbios populares não foram sujeitos a análise rigorosa e científica, o que resulta por vezes em incorreções, como será o caso deste.

"No que diz respeito ao sono, um estudo publicado em 2013 no Journal of Pineal Research demonstrou que a ingestão de laranja aumenta as concentrações de melatonina, a principal hormona responsável pelo sono", acrescentou.

Ainda no que respeita a crenças alimentares, os cereais surgem na base da pirâmide alimentar e são tidos como fundamentais na alimentação, por serem o "combustível" do organismo, estando presentes em quase todas as refeições e em snacks nos intervalos.

Nada mais errado. Na verdade, os cereais são absolutamente desnecessários, pois "do ponto de vista puramente nutricional, não existe nada nos cereais que os torne essenciais, pois todos os nutrientes existentes nos mesmos estão presentes em outros alimentos, incluindo fibra, vitaminas e minerais", sendo que o seu teor em vitaminas e minerais é reduzido e a biodisponibilidade (quanto de facto absorvemos e aproveitamos) dos mesmos é baixa, esclareceu o especialista.

Em termos nutricionais, uma alimentação saudável deve recolher os hidratos de carbono das hortaliças (que simultaneamente têm oito vezes mais fibras do que os cereais), frutas (duas vezes mais fibras) e tubérculos.

As consequências de uma alimentação fortemente baseada em cereais, sobretudo os refinados, são risco acrescido de diabetes tipo II, de doença cardiovascular, de progressão de alguns tipos de cancro (mama, próstata e cólon) e de algumas doenças inflamatórias e metabólicas, afirmou Pedro Bastos.

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