A primeira casa abrigo para homens vítimas de violência doméstica abrirá a 1 de Outubro no Algarve, com capacidade para dez
homens. Tem um financiamento assegurado da ordem dos 100 mil euros
provenientes das receitas dos jogos sociais. É um projecto-piloto, que
será reavaliado daqui a um ano. Num universo de 40 casas abrigo
atualmente destinadas a mulheres vítimas de violência doméstica, esta é a
primeira direcionada ao sexo masculino.
A Secretária de Estado da Cidadania e Igualdade, Catarina Marcelino, assume
ser altura de quebrar tabus e representações sociais para responder a
todas as vítimas. A secretária de Estado visitou a casa abrigo e ficou "bem
impressionada" com as instalações: "Vem responder a uma necessidade, faz
falta. Não sabemos o que vai acontecer, ninguém sabe, mas a entidade
que acolherá homens vítimas tem uma equipa técnica muito boa", reconhece
a secretária de Estado. "É importante o País ter uma resposta para este
problema", concorda Carlos Andrade. "Até por vergonha, os homens não
procuram este tipo de solução. E se o fazem é já em situação de
desespero. Quando começamos a notar isso, pensámos numa resposta. A
igualdade de género está na lei e não é só a favor das mulheres", resume
Carlos Andrade, presidente da Fundação António Silva Leal.
No último ano, segundo dados oficiais e da APAV (Associação Portuguesa
de Apoio à Vítima), as denúncias de maus tratos por parte de vítimas do
sexo masculino rondaram os 15 por cento, o mais alto valor de sempre, em
mais de 26 mil queixas apresentadas a nível nacional. "Já tínhamos
sugerido ao anterior governo, no âmbito da Comissão para a Cidadania e
Igualdade de Género (CIG), a abertura de uma casa abrigo para homens
vítimas mas, na altura, responderam-nos que isso não era urgente",
esclareceu Carlos Andrade.
Segundo o Relatório Anual de Segurança Interna e os dados recolhidos
pela APAV, Lisboa, Porto e Faro continuam a ser os distritos onde foram
registadas maior número de queixas, grande parte das quais tendo o
cônjuge ou ex-cônjuge como agressor.
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