sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Mário Soares em Évora - um espectáculo confrangedor

.../...«40 anos depois do 25 de Abril, continuamos a ser um país com dois pesos e duas medidas, onde quem tem poder se julga, e é tratado como se estivesse acima dos critérios de julgamento – políticos, éticos e, pelos vistos, legais – que se aplicam ao comum dos mortais. Os suspeitos do caso dos “Vistos Dourados” foram presos na semana passada. Alguém se indignou na altura com as imagens na televisão, ou com as horas de interrogatório (ou de espera), ou com as prisões preventivas? Ninguém. Pelo contrário, quase todos elogiaram a justiça. Uma semana depois, muitos dos que estiveram ao lado das autoridades judiciais, passaram a atacar a justiça. É triste e preocupante, mas muitos portugueses continuam a subordinar-se ao poder e aos poderosos. Mesmo quando são eles as maiores vítimas de quem abusou do poder. 
  
No fundo, Soares apenas esperava que Portugal tratasse Sócrates com a mesma impunidade que o trata a ele. É absolutamente natural. Como isso não aconteceu, Soares acha que Sócrates foi “vítima” de um “poder de extrema-direita”.  Foi assim mostrar a sua “solidariedade” a uma “camarada”. No fundo, Soares voltou aos dias das visitas aos presos políticos. Admiram-se? Não deviam. Foi o regime que criámos.».../...

(Excerto do artigo de opinião de João Marques de Almeida, intitulado "Mário Soares e a prisão preventiva", publicado no jornal online "Observador" no dia 27 de Novembro de 2014) 

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