.../...«40 anos depois do 25 de Abril, continuamos a ser um país com dois
pesos e duas medidas, onde quem tem poder se julga, e é tratado como se
estivesse acima dos critérios de julgamento – políticos, éticos e, pelos
vistos, legais – que se aplicam ao comum dos mortais. Os suspeitos do
caso dos “Vistos Dourados” foram presos na semana passada. Alguém se
indignou na altura com as imagens na televisão, ou com as horas de
interrogatório (ou de espera), ou com as prisões preventivas? Ninguém.
Pelo contrário, quase todos elogiaram a justiça. Uma semana depois,
muitos dos que estiveram ao lado das autoridades judiciais, passaram a
atacar a justiça. É triste e preocupante, mas muitos portugueses
continuam a subordinar-se ao poder e aos poderosos. Mesmo quando são
eles as maiores vítimas de quem abusou do poder.
No fundo, Soares apenas esperava que Portugal tratasse Sócrates com a
mesma impunidade que o trata a ele. É absolutamente natural. Como isso
não aconteceu, Soares acha que Sócrates foi “vítima” de um “poder de
extrema-direita”. Foi assim mostrar a sua “solidariedade” a uma
“camarada”. No fundo, Soares voltou aos dias das visitas aos presos
políticos. Admiram-se? Não deviam. Foi o regime que criámos.».../...
(Excerto do artigo de opinião de João Marques de Almeida, intitulado "Mário Soares e a prisão preventiva", publicado no jornal online "Observador" no dia 27 de Novembro de 2014)
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