.../...«quando se olha para o Portugal dos últimos 20 anos,
"os políticos são todos iguais" é mesmo uma das conclusões mais
convincentes e sólidas que podemos tirar. Pior: não são só os políticos.
São os ministros e os banqueiros, os deputados e os grandes advogados,
naquele círculo mais elevado, apenas acessível a gente que tem as
famílias ou as amizades certas, onde o poder económico e o poder
político dormem na mesma cama.
Esta semana saíram
notícias de mais buscas por causa das PPP, com a polícia a ir a casa de
Teixeira dos Santos, Almerindo Marques e Costa Pina, já depois de ter
ido bater à porta de Mário Lino, António Mendonça e Paulo Campos. Ao
mesmo tempo, saíram mais notícias sobre suspeitas de negócios ilegais no
BES, com administradores a utilizarem informação privilegiada para
enriquecer com a privatização da EDP. Isto não é gente obscura: estamos a
falar dos mais poderosos entre os poderosos. Ou seja, são demasiados, e
demasiado importantes, para ser um mero acaso. E, de facto, não é um
mero acaso. É um modo de vida. É uma cultura instalada. É o que fazem os
privilegiados. Sim, no arco de poder, eles são mesmo todos iguais. Pela
simples razão de que se não forem iguais, não entram lá. E aqui, Bloco e
PCP têm inteira razão: 10 mil jantam entre eles, 10 milhões pagam a
conta.»
(Excerto do artigo de opinião de João Miguel Tavares, em "O Cronista indelicado", publicado hoje no jornal "Correio da Manhã")
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